Um amigo do empresário Bruno Piva Júnior, de 52 anos, que foi baleado e morto pela esposa, a tenente dentista do Exército Karina de Freitas Fogolin, de 41, afirma que a vítima conheceu a companheira pela internet, e que eles estavam casados desde julho de 2021, cerca de cinco meses antes do crime. Bruno morreu após passar mais de 50 dias internado.
O crime ocorreu em Praia Grande, no litoral de São Paulo, no início de dezembro de 2021. O amigo do empresário, que prefere não se identificar, afirma que o conhecia há muitos anos, e que era bem próximo dele. "O Bruno sempre foi uma pessoa que respeitou muito as mulheres", diz.
Ainda segundo o amigo, Bruno e Karina se conheceram pela web, namoraram por dois meses e logo em seguida já se casaram, em julho de 2021. "A filha dele está muito abalada, ele era uma pessoa muito querida por muita gente", afirma.
De acordo com o amigo, Bruno sempre teve boas condições financeiras, e não precisaria do dinheiro da esposa. "Por isso, a gente acredita que ele não iria desviar dinheiro dela. Ele sempre teve dinheiro", afirma. Karina relatou em depoimento que era agredida pelo marido, e que ele desviou dinheiro dela (leia mais abaixo).
Nas redes sociais, Bruno sempre fazia postagens de amor à esposa. "Somos absolutamente tudo um para o outro! Te amo, minha amarelinha, minha costelinha, minha vida, meu tudo!", escreveu em uma das postagens. Em outras fotos que publicou com a companheira, ele afirmou que ela era o "amor de sua vida", e que "os dias eram mais felizes ao seu lado".
O advogado Alexsandro da Silva Martori, que representa a família do empresário, afirmou que está em contato com o Ministério Público para a apuração dos fatos, e aguardando o parecer policial sobre as provas que já estão nos autos. "Fizemos algumas observações sobre as imagens, e no momento oportuno, haverá a manifestação do MP sobre estas observações", afirma.
O advogado também alega que a filha do empresário foi colocada em risco no dia do ocorrido. "Com relação à filha do Bruno, ela, por todo o período dos fatos, também ficou sob risco e vulnerável, como está bem claro nas imagens divulgadas. Bruno sempre foi um pai dedicado, carinhoso com a filha. Eram verdadeiros parceiros. Ele sempre foi uma pessoa preocupada com os amigos e familiares", alega.
A missa de sétimo dia do empresário ocorreu na Igreja Santíssima Virgem, em São Bernardo do Campo (SP), na noite desta segunda-feira (31). A Polícia Civil segue investigando o caso.
Câmeras flagraram tiro
Imagens de câmeras de monitoramento mostram o momento exato em que o empresário é baleado pela tenente. O vídeo, mostra a tenente discutindo com o marido em uma calçada e, depois, atirando nele. Em seguida, ele cai. As imagens também mostram a polícia chegando ao local.
Karina chegou a ser presa em flagrante após balear o marido, mas depois foi solta. A princípio, a mulher tentou convencer os policiais que atenderam à ocorrência de que o disparo havia sido feito por um ladrão, em uma tentativa de assalto.
Nos vídeos obtidos pela reportagem, é possível ver que o empresário está ao celular, e que a tenente sai do carro da família já com a arma na mão. Os dois já estão discutindo. Poucos minutos antes, conforme apurado pelo g1, ele a puxou para retirá-la do carro. Nas imagens, agachada na lateral do veículo, aparece também a filha de Bruno, que presenciou tudo.
Tenente disse que era agredida pelo marido
Momentos depois, a PM chega ao local, e a vítima é conduzida ao Hospital Irmã Dulce. Lá, o empresário passou por cirurgia de emergência e permaneceu internado até a manhã de terça-feira (25), quando morreu.
A defesa da tenente não havia sido localizada até a última atualização desta reportagem. Ela relatou em depoimento que era agredida pelo marido, e que ele desviou dinheiro dela, mas que ela não registrou boletim contra o companheiro.
A polícia ainda apura o caso. O Exército informou que, por não se tratar de um crime militar, o caso está tramitando na Justiça comum.
O que diz o Exército
O Comando Militar do Sudeste (CMSE) informou que a 2º tenente dentista temporário Karina de Freitas Fogolin servia no Hospital de Guarnição de Porto Velho (RO). Ela foi reintegrada por decisão judicial, e está afastada aguardando o processo de reforma.
O Exército Brasileiro destaca que repudia veementemente qualquer ato que atente contra os preceitos éticos e morais da profissão militar.