O 2ª Tribunal do Júri de São Luís , no Maranhão, condenou a 13 anos e nove meses Geucimar Lima Duarte, acusado de amarrar e arrastar em um carro por vários metros um morador de rua identificado como Carlos Alberto dos Santos. A vítima foi deixada já sem vida na frente de um terminal de ônibus onde haviam várias pessoas.
O caso foi registrado na madrugada do dia 17 de maio de 2020. Câmeras de segurança do Centro Histórico de São Luís registraram o momento em que o carro de Geucimar arrasta Carlos por cerca de 3 Km por várias ruas, algumas calçadas com paralelepípedo.
As imagens também revelam que, ao longo do percurso, o empresário fez uma pausa para hidratar-se com água fornecida por um vigilante. Este vigilante não demonstrou qualquer reação diante da situação e, de acordo com as autoridades policiais, também não respondeu ao pedido de auxílio de Carlos Alberto.
Depois de submeter a vítima a atos de tortura e arrastá-la pelas ruas, Geucimar ainda passou por cima de Carlos Alberto enquanto realizava uma manobra de ré com o carro. A perícia constatou que a vítima faleceu devido a múltiplas lesões em seu corpo. Após cometer o crime, Geucimar empreendeu fuga e permaneceu foragido por cinco meses. Ele foi finalmente localizado quando retornou de São Paulo para São Luís.
Na época do delito, Geucimar alegou que arrastou o morador de rua porque alegava ser vítima de furtos em seu restaurante, localizado no Centro Histórico de São Luís.
"Ele acusou o morador de tentar entrar no restaurante para furtar objetos e comida. No dia do fato, o morador teria sido visto entrando no restaurante. Um dos vigilantes pegou ele no ato e teria ligado para o empresário, avisando", informou ao g1 o delegado Felipe César, que investigou o caso.
Nas imagens, o homem que forneceu água a Geucimar também era um vigilante, e ele não demonstrou qualquer reação ao presenciar o apelo de socorro feito pelo morador de rua. Naquela ocasião, ele e outros vigilantes que auxiliaram o empresário foram indiciados pelo crime.
Geucimar permaneceu detido desde a época do ocorrido, cumprindo pena no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Somente na última sexta-feira (22), ele enfrentou julgamento em um tribunal popular. Foi condenado a uma pena de 13 anos e nove meses de reclusão pelos crimes de homicídio cometido mediante tortura ou outro método cruel.
O juiz Pedro Guimarães Júnior, responsável pela 2ª Vara do Tribunal do Júri de São Luís, destacou a brutalidade do evento e observou que Carlos Alberto também foi agredido antes de ser amarrado ao veículo.
"As circunstâncias do crime demonstram uma maior ousadia do condenado em sua execução, uma vez que, após entrar em luta corporal com a vítima, armado com uma ripa de madeira, o acusado amarrou a vítima com cordas à traseira do veículo e não atendeu às súplicas da vítima, que apesar de já estar extremamente debilitada, continuou a ser arrastada pelo veículo por longo trajeto, tendo o corpo já sem vida sido deixado pelo autor em plena via pública, nas proximidades do Terminal da Praia Grande, ressaltando-se ainda que ao efetuar uma manobra dando ré no carro, passou por cima do corpo da vítima”, disse o magistrado.
O juiz também negou ao réu o direito de recorrer da decisão em liberdade, mas, na sentença, considerou que Geucimar está com um grave estado de saúde. Por isso, converteu a prisão em regime fechado pela domiciliar mediante monitoramento eletrônico.