Em vídeo, PCC ameaça levar ‘guerra para as ruas’ e exige acordo

“Somos criminosos, não moleques.”, falou um deles.

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"Somos criminosos, não moleques." Com essa frase, um dos chefes do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Rio Grande do Norte inicia a fala em um vídeo --gravado na tarde da última quinta-feira (19)-- exigindo a retirada dos demais integrantes da facção Sindicato do Crime da penitenciária de Alcaçuz, em Nisia Floresta (Grande Natal); caso contrário, prometem "estender a guerra" para a rua e atacar policiais em todo o país.

No vídeo é possível ver que um grupo formado por 20 homens fortemente armados e encapuzados acompanham um integrante, que lê um comunicado sobre as intenções do grupo responsável pela morte de 26 presos no último sábado (14) na penitenciária de Alcaçuz.

"Tire todos os Sindicato da unidade de Alcaçuz, ou essa guerra vai se estender na rua e em outros demais Estados do Brasil contra os órgãos públicos, policiais de todas as categorias", ameaça a facção.

Na quarta-feira, 220 presos do Sindicato do Crime foram transferidos da penitenciária para outros dois presídios, mas outros cerca de 500 integrantes ou ligados ao grupo permanecem na unidade. O governo, no entanto, diz ter colocado detentos "neutros" no lugar dos transferidos.

Na gravação, o grupo fala que já fez pedidos às Secretarias de Segurança Pública e da Justiça e Cidadania do RN, mas que teriam sido ignorados.

"Existem vários pedidos protocolados, documentos em anexo, que se encontram na mão do secretário de segurança e do secretario do sistema prisional, que não quis nos separar. Já era para estarmos separados desde o último confronto ocorrido em Caicó", afirma.

O governo do Estado informou que "não negocia com facções". O governador Robinson Faria (PSD) disse, inclusive, que está sofrendo ameaças dos dois lados, e que, além dos presos do Sindicato do Crime, cinco líderes do PCC também foram transferidos e foram indiciados pelas mortes do último sábado.

O comunicado do PCC ainda ressalta que a luta da organização é contra o governo, mas a "guerra" é contra o Sindicato do Crime. Eles dizem ainda que não aceitaram que os familiares sejam prejudicados.

"Somos duas facções em guerra. Mas essa guerra é nossa, não é dos nossos familiares. Não admitiremos mais ser oprimidos. Estaremos preparados no sistema e na rua. Se mexerem como nossos familiares, responderemos à altura. Somos o crime organizado no Brasil, e os governantes sabem disso", diz o integrante que lê a mensagem no vídeo.

Segundo a versão apresentada por mulheres de presos do PCC, a confusão no sábado começou após integrantes do Sindicato do Crime supostamente atacarem familiares que saíam da visita. Elas relataram que, acuadas, destruíram o portão do pavilhão e "soltaram" ao pátio os presos do PCC, que em seguida cometeram os homicídios.

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