Em perseguição, policiais algemam adolescente e criança de 10 anos

Para a PM, caso foi uma desobediência a ordem de parada.

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A família do serralheiro Jonathan Sales de Araújo, de 23 anos, alega que ele foi vítima de uma ação criminosa de policiais militares, que o balearam duas vezes em Cubatão (SP). O rapaz, que tem passagem criminal, conduzia um veículo no qual transportava dois enteados, uma adolescente de 15 anos e um menino de 10. O carro foi alvejado, segundo a polícia, após o condutor não atender a uma ordem de parada. A Corregedoria da PM apura o ocorrido.

Para a Polícia Militar, foi um caso de desobediência, ocorrido na sexta-feira (12), no qual Jonathan disparou contra as equipes que tentaram abordá-lo. Por isso, o carro teria sido alvo de tiros, que atingiram o serralheiro. O veículo estava com as placas clonadas, e o chassi do automóvel apontava queixa de furto.

A adolescente e a criança não se feriram, mas foram algemadas. Jonathan foi preso em flagrante por receptação e, no boletim de ocorrência, o delegado Siulen Vieira Leung, da Delegacia Sede da cidade, afirmou que não havia "prova material" de que o serralheiro havia feito disparos. Nenhuma arma foi encontrada.

O advogado Rodrigo Alexandre de Carvalho, que representa a família, pediu à Justiça a liberdade provisória do cliente, por acreditar que ele tenha sido vítima de uma "cena forjada da polícia". No entendimento do defensor, com base no relato dos envolvidos, a "ação desproporcional" poderia ter vitimado os menores.

"Os policiais dispararam cinco vezes, sem que houvesse qualquer tipo de reação. Jonathan, sem arma, parou o carro, obedecendo a ordem, e mesmo assim foi baleado duas vezes no desembarque. O menino, que estava no banco de trás, está em estado de choque, e a adolescente muito assustada. Eles foram algemados. É algo inadmissível", relata Carvalho.

Ainda segundo o advogado, o serralheiro relatou que percebeu quando os policiais se preparavam para alterar o local da abordagem. "Ele disse que ouviu quando os PMs conversaram entre si para que fosse 'arranjada' uma arma para deixar com ele. Mas aquela movimentação chamou a atenção, e já tinha muita gente olhando".

Carvalho ainda questiona o atendimento prestado pelos médicos do Hospital de Cubatão, que, ainda segundo o cliente, foram pressionados pelos policiais para que dessem alta, mesmo sem ele ter condições. "Jonathan está com balas alojadas, pois pediram para liberá-lo, porque ele não mereceria o procedimento".

A Secretaria de Saúde de Cubatão informou que Jonathan deu entrada no Pronto Socorro Central, mas, após atendimento na emergência, foi levado ao Hospital de Cubatão, que é administrado pela Fundação São Francisco Xavier. A transferência ocorreu em razão da gravidade do quadro e pela necessidade de cirurgia.

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