A Polícia Civil vai pedir a prisão temporária do administrador de empresas Michel Goldfarb Costa, de 33 anos, suspeito de provocar uma série de acidentes na manhã desta segunda-feira (9) em São Paulo. O homem, que também é artista plástico e mora em um condomínio de luxo em Cotia, na Grande São Paulo, será indiciado na terça (10) por tentativa de homicídio, roubo e disparo de arma de fogo.
O advogado de Costa disse não acreditar que seu cliente tenha cometido os crimes. ?As atitudes que estão sendo colocadas contra ele são contrárias ao comportamento do rapaz?, disse o advogado Nicolau Aun Junior. ?A minha orientação para ele é que se apresente. Minha preocupação é com a vida dele.?
Para a polícia, porém, Costa foi quem causou todos os acidente durante a manhã. Quatro pessoas já o reconheceram por foto. Segundo as investigações, ele bateu em pelo menos dois carros e um ônibus, baleou um homem na barriga e feriu outro de raspão.
O delegado responsável pelo caso, Marcos Antônio Manfrin, do 26º Distrito Policial, no Sacomã, disse acreditar que o administrador tenha tido um "surto psicótico". "Aparentemente não há motivação, a não ser um surto", afirmou. O policial acrescentou que ao menos 20 tiros foram disparados.
A namorada de Costa prestou depoimento nesta segunda. Ela o descreveu como uma pessoa fechada, com poucos amigos e quase nenhum contato com a família, e que não trabalhava. "Ele aplicava dinheiro na bolsa de valores", segundo o delegado.
A mulher contou à polícia que tudo começou às 4h desta segunda. Costa era conhecido por ter mais de dez cachorros, e eles começaram a latir nesse horário -o casal havia ficado acordado até tarde vendo filmes. O administrador teria ficado com medo de que a casa tivesse sido invadida. "Ele teve uma briga recente com o vizinho em relação ao barulho [dos cães] e teria sido ameaçado", disse Manfrin. "Quando a namorada dormiu, ele [Costa] saiu de casa deixou tudo aberto, as portas abertas. Ele saiu de carro, vestindo o colete e com a arma em punho."
A relação dele com a namorada era boa -o casal está junto há quatro anos e se vê aos fins de semana, segundo o depoimento. "O surto não ocorreu por conta de uma briga", afirmou o delegado-adjunto Dalmir de Magalhães.
O tenente da Polícia Militar Guilherme Willian Pacheco definiu a ação como um "dia de fúria". Segundo ele, a ação "foge do padrão de um assalto". ?Ele em um dia de fúria e loucura teria pego uma arma e um colete e efetuado vários disparos em via pública?, afirmou.