O advogado Luiz Flávio Borges D"Urso afirmou na tarde desta quarta-feira, após audiência de instrução que irá decidir se Elize Matsunaga irá a júri popular, que ela foi informada pelo detetive particular da traição do marido depois de tê-lo matado. Para o assistente de acusação no caso, isso reforçaria a tese de que ela premeditou o crime. "Ele revelou, para surpresa nossa, que deu a informação três dias depois da morte", declarou. A defesa sustenta que o detalhe seria irrelevante e que ela já saberia da traição antes.
Elize Matsunaga esteve presente ao Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, para a audiência de instrução. Acusada de matar e esquartejar o marido Marcos Kitano Matsunaga, a bacharel em Direito e técnica em enfermagem acompanha os depoimentos das testemunhas convocadas. Ela está presa no Complexo Penitenciário de Tremembé desde junho.
A audiência foi presidida pelo juiz Adilson Paukoski Simoni, durou por volta de seis horas e ouviu cinco testemunhas. O advogado Luciano de Freitas Santoro considerou a audiência muito positiva e acredita ter sido reforçada a tese de que o crime não teve premeditação. "Se fosse premeditado, nada teria sido feito na casa dela. Estamos convencidos de que ela reagiu a uma injusta provocação", declarou.
O promotor José Carlos Cosenzo afirmou que a postura de Elize durante a audiência foi de "absoluta frieza" e que ela foi retirada da audiência durante o depoimento do irmão da vítima, Mauro Kitano Matsunaga, a pedido dele. "Ela estava tranquila, parecia uma profissional", avaliou. Já Santoro afirmou que ela estava emotiva, chorou e perguntou da filha.
Pela defesa, estava prevista Mauriceia José Gonçalves dos Santos, que não compareceu. Outras três pessoas foram convocadas pelas duas partes: Natalia Vila Real Lima e os peritos criminais Jorge Pereira de Oliveira e Ricardo Salada. No entanto, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça informou que os peritos foram dispensados porque a defesa pediu acesso aos laudos periciais antes das oitivas.
Estão previstas ainda para serem ouvidas outras cinco testemunhas por carta precatória: Luiz Carlos Lozio, Neiza Gouveia da Silva, Maria das Graças da Hora Santiago, Giovani de Oliveria Serafim e Rene Henrique Gotz Licht. São pessoas que residem em outras cidades e, para evitar que elas precisem se deslocar a São Paulo, terão os depoimentos colhidos pelo juiz do local onde residem. Posteriormente, serão enviados por documento para o Fórum da Barra Funda. Está prevista para 12 de novembro a oitiva das testemunhas de defesa. A ré pode ser ouvida na mesma data, de acordo com a defesa.
Empresário é esquartejado
Executivo da Yoki, Marcos Kitano Matsunaga, 42 anos, foi considerado desaparecido em 20 de maio. Sete dias depois, partes do corpo foram encontradas em Cotia, na Grande São Paulo. Segundo apuração inicial, o empresário foi assassinado com um tiro e depois esquartejado. Principal suspeita de ter praticado o crime, a mulher dele, a bacharel em Direito e técnica em enfermagem Elize Araújo Kitano Matsunaga, 38 anos, teve a prisão temporária decretada pela Justiça no dia 4 de junho. Ela e Matsunaga eram casados há três anos e têm uma filha de 1 ano. O empresário era pai também de um filho de 3 anos, fruto de relacionamento anterior.
De acordo com as investigações, no dia 19 de maio, a vítima entrou no apartamento do casal, na zona oeste da capital paulista e, a partir daí, as câmeras do prédio não mais registram a sua saída. No dia seguinte, a mulher aparece saindo do edifício com malas e, quando retornou, estava sem a bagagem. Durante perícia no apartamento, foram encontrados sacos da mesma cor dos utilizados para colocar as partes do corpo esquartejado do executivo. Além disso, Elize doou três armas do marido à Guarda Civil Metropolitana de São Paulo antes de ser presa. Uma das armas tinha calibre 380, o mesmo do tiro que matou o empresário.
Em depoimento dois dias depois de ser presa, Elize confessou ter matado e esquartejado o marido em um banheiro do apartamento do casal. Ela disse ter descoberto uma traição do empresário e que, durante uma discussão, foi agredida. A mulher ressaltou ter agido sozinha. No dia 19 de junho, o juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5ª Vara do Júri no Fórum da Barra Funda, aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo e decretou a prisão preventiva da acusada