“Eliza Samúdio foi morta por tentar extorquir Bruno”

Afirmou o advogado no Tribunal do Júri de Contagem (MG).

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José Arteiro Cavalcante, advogado da mãe de Eliza Samudio, Sonia de Fátima Moura, afirmou nesta quinta-feira que, com base no depoimento do goleiro Bruno de Souza à Justiça de Minas Gerais, é possível determinar o motivo do assassinato da estudante: extorsão. "O Bruno disse que Eliza queria mais dinheiro, ele não concordou com isso. Está explicado o motivo que eles fizeram isso", afirmou o advogado no Tribunal do Júri de Contagem (MG).

Em depoimento à juíza Marixa Fabiane, Bruno afirmou que Eliza foi do Rio de Janeiro até seu sítio, em Esmeraldas (MG), para pedir um aumento no valor que recebia mensalmente para cuidar do filho que seria do jogador. Segundo o atleta, Eliza recebia em média R$ 1,5 mil todo mês, mas passou a pedir R$ 50 mil. Bruno relatou que, após a estudante ameaçar fazer um escândalo na imprensa, concordou em pagar R$ 30 mil.

Ainda de acordo com Bruno, Eliza pediu o aumento ainda no Rio de Janeiro, em conversa com o amigo do jogador, Luiz Henrique Romão, o Macarrão. O amigo teria afirmado não ter toda a quantia pedida, mas que teria R$ 30 mil em Minas Gerais. O dinheiro seria usado para pagar as despesas da viagem do time de futebol amador de Bruno. No dia seguinte à conversa, Bruno teria dito que depositaria o valor na conta da estudante, que afirmou, segundo o jogador, que não acreditava no goleiro e iria a Minas Gerais buscar o dinheiro.

Assim, Eliza embarcou no carro de Bruno com o filho, Macarrão, o primo adolescente e a namorada do jogador, Fernanda Gomes de Castro, e foi levada a Minas Gerais. Bruno confirmou que o menor e Macarrão disseram ter havido uma briga durante o percurso, o que explicaria as manchas de sangue encontradas no veículo.

De acordo com Bruno, a briga teria ocorrido depois que Eliza começou a ofender o jogador. "Quem o Bruno acha que é, acha que é o Rogério Ceni?", teria dito a estudante, segundo o goleiro. O adolescente teria então defendido o primo e agredido Eliza, que teria revidado.

Elogios a Macarrão

Durante seu depoimento, Bruno criticou a postura de seus primos J. e Sérgio Rosa Sales, o Camelo, que afirmaram à polícia que o jogador seria o mandante do assassinato de Eliza. Sobre seu amigo Macarrão, entretanto, Bruno teceu elogios. "Macarrão é mais que um amigo para mim, é um irmão mesmo. Excelente pessoa, pai de família em quem confio totalmente", afirmou.

O goleiro falou que a vida dele "só começou a andar" depois que Macarrão passou a trabalhar com ele. De acordo com Bruno, o salário de R$ 120 mil mensais que recebia do Flamengo entrava diretamente na conta do amigo, que administrava os cartões e senhas bancárias do jogador.

Enquanto Macarrão assessorava Bruno em Minas Gerais, quem fazia a função no Rio de Janeiro era um amigo segurança, chamado de Marcelão. De acordo com Bruno, Marcelão não entregava a Eliza todo o dinheiro que ele enviava, o que quebrou a confiança que tinha no amigo. Para Bruno, o desfalque no dinheiro que devia ajudar nas despesas do filho de Eliza fez com que a estudante desconfiasse do jogador. Após a suposta traição de Marcelão, Macarrão assumiu as operações também no Rio de Janeiro.

Já Sérgio não dispõe do mesmo afeto do jogador. "O Sérgio, em 2006, vi quem ele era. Nesta época, saí do Atlético Mineiro e passei por um mês pelo Corinthians. O Sérgio se "perdeu" no Rio de Janeiro, parecia que era ele o jogador de futebol", afirmou Bruno.

"Dei carro, dava R$ 1,2 mil todo mês, nunca trabalhou pra mim, eu ajudava ele e toda a família dele. Ele foi mais um que eu ajudei e quebrou a (minha) confiança", queixou-se. "Desde 2007 ele não mora mais comigo. (...) Ele jogou esta oportunidade fora, não quis estudar e perdeu a oportunidade de ser alguém na vida", disse o jogador.

Sobre J., seu primo de 17 anos, Bruno disse que o menor tem problemas mentais. "É um menino que veio morar comigo porque a mãe pediu. Ele tinha problemas com o tráfico em Niterói (RJ). Veio morar comigo e a Fernanda. Depois que a conheci, em abril, ela tentou levá-lo para a igreja, mostrar a ele um pouco de Deus. Mas ele se perdeu, parece que tem um distúrbio mental. Nem um psicopata inventaria as histórias que ele falou", afirmou, referindo-se às acusações de que Eliza teria sido esquartejada e tido partes do corpo arremessadas para alimentar cães da raça rottweiller.

Ciúmes

Bruno afirmou que sua relação com Macarrão é tão próxima que o amigo chegava a sentir ciúmes de sua noiva, a dentista Ingrid Oliveira. Segundo Bruno, ele, Ingrid, Macarrão e J. moraram por um período em um apartamento no Rio de Janeiro. "Tinha que administrar um certo ciúme do Macarrão em relação à Ingrid. Só o Macarrão tinha ciúmes de mim, o Jorge não", disse o jogador, motivando murmúrios do público que acompanhava a audiência.

Filho

Ao responder questionamentos da juíza Marixa Fabiane sobre seus dados pessoais, Bruno disse ter "duas filhas e possivelmente um outro filho". Questionado sobre quem seria o possível filho, o atleta respondeu: "o Bruninho" (filho de Eliza).

Segundo o advogado José Arteiro Cavalcante, Bruno pediu para ver Bruninho. A mãe de Eliza, Sônia de Fátima Moura, que detém a guarda da criança, não autorizou. "Ele (Bruno) não queria que a minha filha abortasse? Agora quer vê-lo? De jeito nenhum", afirmou

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