Uma dupla de loiras identificadas como Maria Regilane Nunes e Regina Andrea Negreiros Alves natural do Ceará se instalaram em um apartamento em Copacabana, Rio de Janeiro, para aplicar golpes em idosos e, segundo a polícia, elas viajaram o país fazendo várias vítimas.
Segundo as investigações a dupla já teria agido e se aproveitado de moradores em Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
No último dia 2, Maria Regilane, a Laninha, de 31 anos, foi presa numa agência da Caixa Econômica Federal no Jardim Botânico, na Zona Sul. Em apenas um mês, as duas conseguiram enganar pelo menos cinco pessoas e, delas, tirar mais de R$ 20 mil. Regina Andrea, a Branca, de 40 anos, teve mais sorte, ao menos por enquanto: três dias antes da prisão da amiga, pegou um avião de volta para a terra natal.
De acordo com o delegado José Alberto Pires Lage, titular da 15ª DP, as moças colocavam um dispositivo que impede a retirada do cartão do caixa eletrônico das agências. Uma delas permanecia no banco e, quando as vítimas aparentavam nervosismo, elas fingiam ajudar emprestando um celular. Do outro lado da linha, entretanto, havia mais um integrante da quadrilha, responsável por obter os dados pessoais dos idosos.
— Esse homem fazia uma série de perguntas, como nome, número da conta, filiação, endereço e, sutilmente, a senha do cartão. Sem perceber, a pessoa acabava fornecendo — explicou o delegado.
As duas já tinham antecedentes criminais: Laninha foi presa por furtar uma loja em São Paulo e Branca foi detida acusada de estelionato, organização criminosa e lavagem de dinheiro no Ceará. Na ocasião, 32 pessoas eram suspeitas de integrar um esquema de fraudes: falsificação de documentos, clonagem de cartões e aplicação de golpes em estabelecimentos comerciais usando os nome das vítimas.
No Rio, elas já foram reconhecidas por fotos e nas imagens das câmeras de segurança das agências. Os policiais agora tentam identificar outros criminosos que participaram dos golpes com as louras.
Na bolsa de Laninha, agentes da 15ª DP encontraram o kit usado por ela e por Branca nas fraudes: uma estrutura plástica e uma cola para manter os cartões dentro do caixa eletrônico e uma tesoura para puxá-los depois da saída das vítimas das agências.
Para o delegado, os idosos precisam ficar atentos a essa modalidade de golpes, mas ele critica o fato de as instituições financeiras não se responsabilizarem pela segurança dos seus clientes:
— Com tanta tecnologia, era necessário apenas um dispositivo para impedir ou minimizar esse tipo de golpe, algo que percebesse quando há algo estranho e soasse um alarme avisando a uma central.
No site da Federação Nacional dos Bancos (Febraban) há um alerta justamente para esse tipo de crime. Na nota, o órgão pede que não sejam utilizados “telefones de terceiros desconhecidos, especialmente os celulares, para comunicar-se com o banco”. A federação explica também que os dados de conta e senha ficam registrados na memória do aparelho e a pessoa corre o risco de não estar falando com um representante do banco — como no caso das louras.
O inquérito que identificou Laninha e Branca foi aberto depois do golpe que elas aplicaram contra um aposentado, por volta de 9h15min do dia 11 de julho. O idoso chegou à agência, no Jardim Botânico, para verificar o saldo de sua conta. Ao inserir o cartão no caixa eletrônico, ele notou que o cartão ficou retido.
As duas mulheres ofereceram ajuda e uma delas ligou do próprio telefone para o número que dizia ser do atendimento do banco. Minutos depois, a vítima recebeu uma ligação de um número desconhecido. Ele contou a senha para o interlocutor e foi embora da agência.