O dramaturgo Mário Bortolotto foi baleado na madrugada deste sábado (5) durante tentativa de assalto ao bar do Espaço Parlapatões, na praça Roosevelt -
O tradicional reduto da cena teatral paulistana, localizado no Centro da capital. Segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa de Misericórdia, onde ele foi internado, Bortolotto levou três tiros e seus estado de saúde é grave.
O ilustrador Henrique Figueiroa - que costuma assinar seus trabalhos sob o pseudônimo de Carlos Carcarah - estava em companhia do dramaturgo e também foi atingido pelos disparos. Segundo a assessoria de imprensa do hospital Sírio Libanês, onde ele deu entrada, os ferimentos foram leves, o ilustrador está em um quarto sob observação e passa bem. Ainda não há previsão de alta.
O ator e diretor Hugo Possolo, um dos idealizadores do Espaço Parlapatões, informou ao G1 que Bortolotto passará por cirurgia na tarde desta sábado (5). A Santa Casa não confirma a informação.
Segundo o relato de Possolo, o dramaturgo e Carcarah estavam no bar, que já havia fechado as portas. Bortolotto havia assistido a uma montagem de seu texto, "Brutal", por volta das 2h.
De acordo com ele, a porta do bar foi aberta para a entrada de uma atriz, quando os assaltantes se aproveitaram para invadir o local. ?Os bandidos entraram em seguida e o Mário reagiu quando eles mandaram os clientes e pessoas que estavam lá deitarem no chão?, contou Possolo.
A assessoria do Espaço Parlapatões informou que o circuito interno de câmeras do bar filmou a tentativa de assalto. Ainda não há informações se foi possível identificar os criminosos pelas imagens registradas. Nenhum deles foi preso.
A polícia esteve no espaço neste sábado (5) para realizar a perícia.
Trajetória de sucesso no teatro
Nascido em Londrina, no Paraná, Mário Bortolotto é um dos mais respeitados dramaturgos da cena teatral brasileira, autor de cerca de 27 montagens. Com textos modernos, que misturam elementos do rock, dos quadrinhos e do cinema, já foi premiado pelo conjunto de sua obra pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), além de ter recebido o prêmio Shell de Teatro pelo espetáculo ?Nossa vida não vale um Chevrolet?, em 2008.
Bortolotto também é escritor e já lançou quatro livros: a coletânea de poesias ?Para os inocentes que ficaram em casa? e os romances ?Mamãe não voltou do supermercado?, ?Bagana na chuva? e ?Atire no dramaturgo?. Este último, lançado em 2006, reúne os textos que ele escreve em seu blog homônimo há 5 anos.
O autor também costuma se apresentar na noite paulistana com sua banda de rock, a Saco de Ratos Blues, que mistura poesia e canções pouco conhecidas de artistas como Itamar Assumpção e Cazuza.
Atualmente, no Espaço Satyros, na mesma praça Roosevelt, há uma peça de Bortolotto em cartaz, ?A lua é minha?. Com direção de Luis Eduardo Frin, o espetáculo conta a história de um artista plástico em crise e sua relação com uma jovem que se apresenta como musa.
O dramaturgo também é autor da peça ?O natimorto?, adaptação do romance de Lourenço Mutarelli, ?A frente fria que traz a chuva? e ?Getsêmani?.