A proprietária da creche, responsável pela morte de um aluno de 2 anos ao esquecê-lo dentro do carro, afirmou que, após chegar ao berçário, seguiu com sua rotina normalmente e só percebeu que o garoto ainda estava no veículo quando foi para casa devido a uma dor de cabeça. Flaviane Lima contou que tentou reanimar Salomão Rodrigues Faustino, que ficou por quatro horas trancado no carro, em Nerópolis, região metropolitana de Goiânia.
“Desci na porta do berçário e entrei. Fiz minha rotina normalmente, fiquei por cerca de quatro horas. Falei com uma das tias que iria embora por causa de uma dor de cabeça. Quando abri o carro, vi o Salomão dobrado na cadeirinha. Rapidamente o desamarrei e levei ele para dentro. Chamamos os bombeiros e tentei fazer os primeiros socorros, mas percebemos que ele já não estava mais vivo”, disse ela em depoimento.
A defesa de Flaviane afirmou em nota que ela está profundamente abalada, vivendo o pior momento de sua vida. O advogado Giovanni Caldas Vieira Machado acrescentou que a empresária fez cursos de primeiros socorros e tentou salvar a criança. “Não houve qualquer intenção, descuido consciente ou negligência deliberada”, completou a defesa.
Salomão morreu na terça-feira (18). A polícia informou que, além de ser dona da creche, Flaviane também era responsável por buscar o menino em casa e levá-lo até o local. No dia da morte do garoto, ela o pegou, colocou-o na cadeirinha do banco traseiro do carro e entrou na creche.
De acordo com o depoimento de Flaviane, ela havia se concentrado na chegada de três novas crianças e acabou se esquecendo de Salomão. A polícia revelou que ela chamou o Corpo de Bombeiros, que levou a criança ao Hospital Sagrado Coração de Jesus, mas ele não resistiu.
O delegado André Fernandes afirmou, que Flaviane tentou fugir, mas foi presa em Itaberaí, a 80 quilômetros de Nerópolis. Ela foi autuada por homicídio culposo (sem intenção de matar) e encaminhada ao Complexo de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia, onde permanece detida até quinta-feira (20).
Mãe desolada
A mãe de Salomão, Giselle Faustino, está devastada. Em suas redes sociais, ela compartilhou um desabafo: “Você levou todo meu coração e minha alegria. Como eu viverei sem você?”, escreveu Giselle.
Nota da defesa
É importante destacar que estamos diante de uma perda irreparável. Uma criança perdeu a vida, e isso é devastador para todos os envolvidos. Nossos sentimentos, especialmente à família. A cidade de Nerópolis vive um luto profundo, e é possível sentir a dor nas ruas.
Minha cliente trabalha com crianças e jovens há anos, sempre sendo responsável e cuidadosa. Ela está profundamente abalada, vivendo o pior momento de sua vida. A creche está registrada com CNPJ e possui alvarás de funcionamento.
Ela valoriza a preparação, tendo feito cursos em pedagogia e primeiros socorros, justamente para estar pronta para emergências. Não houve intenção, descuido consciente ou negligência deliberada. Assim que percebeu o ocorrido, tentou reanimar a criança e pediu ajuda imediata aos bombeiros. Infelizmente, o pior já havia acontecido.
Não há tentativa de se esquivar da responsabilidade. No momento da prisão em flagrante, minha cliente estava a caminho do distrito policial, acompanhada de seu companheiro, para se apresentar. Confiamos na investigação da Polícia Civil e na atuação da Justiça.
A família de minha cliente informa que a creche não foi aberta hoje e provavelmente não reabrirá devido ao abalo emocional. Infelizmente, este foi um acidente devastador, afetando todas as famílias envolvidas.