A manifestação que começou pacífica e terminou em confusão na porta do edifício do governador Sérgio Cabral, no Leblon, na Zona Sul do Rio, na última quarta-feira (18), ganhou mais uma versão por parte de quem participou do protesto. O jornalista Bernardo Seabra, de 28 anos, acusa policiais militares de o terem detido sem provas e sem que ele estivesse portando qualquer tipo de material que pudesse ser usado para depredar o bairro.
A Polícia Militar não comentou o caso específico de Seabra. Em outra acusação de prisão sem prova, a corporação informou que pede que possíveis excessos sejam denunciados à Ouvidoria (leia: "Radialista diz que PMs do Choque forjaram prisão durante manifestação").
?Eu não peguei em uma pedra. Eles não estavam pegando as pessoas corretas, estavam pegando pessoas aleatórias. Falaram no registro que houve flagrante e não houve. Eu fui algemado e colocado no camburão sem que houvesse provas?, contou.
Segundo Bernardo, esta é a terceira manifestação em que ele participa. O jornalista diz que estava com um amigo e portava três apitos e um cartaz. Em um vídeo postado no YouTube (assista) do Jornal A Nova Democracia, a prisão do jovem é exibida aos 4 minutos e 25 segundos.
?A gente estava correndo muito dos tiros de borracha. Eu ainda disse para as pessoas não depredarem, mas não temos controle sobre isso. O boletim de ocorrência diz que eu estava na Rua Henrique Dumont, mas eles me algemaram na Rua Redentor. Eu fui preso sem saber o motivo.?
Segundo o registro de ocorrência, Bernardo foi detido por depredar vidraças de lojas, pontos de ônibus e latas de lixo. O jornalista responde por formação de quadrilha. Ele foi encaminhado pelos policiais para a 14ª DP (Leblon) e liberado após pagar fiança de R$ 700.
"Atos de vandalismo são afronta", diz Cabral
Em nota enviada na quinta-feira (18), o governador Sérgio Cabral informou que " os atos de vandalismo nos bairros do Leblon e de Ipanema são uma afronta ao Estado Democrático de Direito. O Governo do Estado reitera a sua posição de garantir, através das forças de Segurança Pública, não só o direito à livre manifestação, como também o direito de ir e vir e à proteção ao patrimônio público e privado", concluiu.
"Nossa ação não deu certo"
O comandante da Polícia Militar, coronel Erir Costa Ribeiro, afirmou que "é impossível" não usar munições menos letais durante os protestos. "O gás lacrimogêneo, que todo mundo reclama, é o menos letal. O gás é para dispersar os vândalos. E falam para nós não usarmos o gás. E nossa ação não deu certo. Esse pacto, que foi feito com as autoridades, não deu certo."