Mesmo preso há mais de duas semanas no Complexo de Gericinó, em Bangu, acusado de dois estupros, o pastor Marcos Pereira tem ligação direta com o Palácio Tiradentes. Nos dias 9 e 16 de maio, Marcos recebeu, no presídio, a visita do deputado estadual Paulo Ramos (PDT-RJ). Segundo a Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap), somente familiares credenciados e advogados de defesa dos presos têm direito a visitas. Nos registros do presídio, Ramos apresentou sua carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para ter sua entrada liberada.
Entretanto, Ramos não faz parte da defesa do pastor. Segundo Marcelo Patrício, advogado do pastor, a equipe de defesa do religioso é formada por seis advogados e o deputado não está entre eles.
Ramos admite que não defende o pastor. O deputado ? que, um dia após a prisão do pastor subiu ao palanque da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e, em discurso, chamou as acusações contra o religioso de "arbitrárias" ? afirmou que, como deputado, defende "o estado democrático e uma investigação isenta".
? Fui esclarecer dúvidas, ora. Não tenho esse direito? A imprensa de hoje tem práticas que lembram o fascismo. Sou uma pessoa só, sou indivisível. Sou deputado e sou advogado. Não vejo problemas em visitar um preso para ouvir sua versão. Não é a primeira vez que faço e não será a última. Mas, se eu fosse advogado dele, pediria habeas corpus. Ele está preso injustamente ? disse.
Aproximação recente
O deputado afirma só conheceu Marcos Pereira no ano passado, após as denúncias feitas contra ele pelo líder do AfroReggae, José Júnior, em maio. Na ocasião, Ramos teria ido ouvir a versão do pastor e conhecido o trabalho de ressocialização de detentos que faz em sua igreja, a Assembleia de Deus dos Últimos Dias.
Procurada novamente, a Seap se limitou a informar, por nota, que o deputado teve a entrada autorizada por estar na condição de advogado.