O delegado aposentado Edson Moreira deve ser submetido a um "bombardeio" da defesa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, no quarto dia de julgamento do caso Eliza Samudio nesta quinta-feira (25). Essa é a avaliação de advogados da equipe que defende o ex-policial, que considerou positiva a investida iniciada ontem.
Algumas contradições foram trazidas aos jurados, como a afirmação de Edson Moreira de que Eliza não foi esquartejada na casa de Bola nem teve a mão jogada aos cães. A cena, entretanto, está descrita no inquérito e é repetida pela acusação. Para o Ministério Público, essa é uma interpretação do delegado a partir dos elementos disponíveis durante a investigação policial.
A demora nas perguntas e a pressão do advogado Ercio Quaresma deixaram o vereador e policial aposentado irritado, e em inúmeras respostas disse não saber se estava presente em depoimentos; quando perguntado sobre os veículos de Bola, não soube determinar se todos passaram por perícia. Outro ponto apontado como contraditório pela defesa foi o fato de o assassinato ter sido descrito com detalhes por primos de Bruno mesmo tendo ocorrido em um cômodo escuro durante a noite.
Fernando Magalhães acredita que os jurados vão acreditar em sua tese, de que Marcos Aparecido teria sido "escolhido" pelo delegado para ser réu.
- Vamos indicar onde estão as falhas e porque o Edson escolheu o Marcos Aparecido. Se a asfixia ocorreu, ele não teve qualquer participação. Não havia condição das testemunhas terem presenciado o crime. Se lá não havia luz, como iriam enxergar? Estamos trabalhado para desconstruir prova por prova.
Acusação minimiza falas
Para o promotor Henry Vasconcelos, a fala do delegado não atrapalha a acusação.
- Ele apresentou a versão que considera verossímil, interpretativa, mas a acusação deve se basear nos autos. A prova é a afirmação do Jorge, que afirmou ter visto a mão ser lançada. Estamos tratando de um sujeito descrito como matador profissional e experiente. Tanto que o corpo foi ocultado ou destruído, alguns fatos restarão para sempre inviabilizados.
José Arteiro, assistente de acusação, acredita que o delegado agiu corretamente com o material que tinha disponível em um contexto em que a defesa dos acusados trabalhava para esconder provas.
- As informações que ele teve foram limitadas, muitas descobrimos em juízo. Coitado do Moreira, naquele momento ele trabalhou com as informações que tinha. O Quaresma perturbou as investigações e agora quer cobrar.