Crime organizado usa ‘bets’ para lavar dinheiro e ampliar seus lucros

Além do envolvimento criminoso, disputas territoriais resultaram em assassinatos, incêndios e ataques em pontos de aposta

Crime organizado usa ‘bets’ para lavar dinheiro e ampliar seus lucros | Reprodução
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Organizações criminosas como o PCC, Comando Vermelho e líderes do jogo do bicho estão utilizando as apostas esportivas online para lavar dinheiro e aumentar seus lucros, é o que aponta o levantamento realizado pelo O GLOBO nos estados do Rio de Janeiro, Ceará e Rondônia.

Além do envolvimento criminoso, disputas territoriais resultaram em assassinatos, incêndios e ataques em pontos de aposta. No ano passado, o Congresso aprovou uma lei para taxar e regulamentar as apostas esportivas online, visando coibir a entrada de recursos ilegais, mas o setor continua atraente para atividades criminosas.

Em abril, a Polícia Federal prendeu dois parentes de Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, durante uma operação investigando o envolvimento do PCC com casas de apostas no Ceará. Leonardo Alexsander Ribeiro Herbas Camacho, sobrinho de Marcola, promovia a plataforma de apostas Fourbet nas redes sociais. Durante a prisão de Francisca Alves da Silva, cunhada de Marcola, a PF encontrou um recibo de transferência bancária e um bilhete com referências a Menesclau de Araújo Souza, responsável pela contabilidade do PCC no Ceará e gestor de unidades da Loteria Fort.

Operação em casas de apostas ligadas ao PC no Ceará (Foto: Polícia Federal)

A ligação entre as apostas e o PCC foi reforçada quando a PF, em 2022, encontrou Leonardo no carro de Henrique Abraão Gonçalves da Silva, filho de uma gestora da Loteria Fort. Leonardo afirmou que trabalhava para Henrique, que se declarou responsável pela Fourbet no Mato Grosso do Sul.

A disputa pelo mercado de apostas digitais também foi o pano de fundo para a execução do advogado Rodrigo Marinho Crespo em fevereiro, no Rio de Janeiro. Crespo teria incomodado interesses de uma organização criminosa ao adquirir domínios de sites de apostas. Investigações indicam que o dinheiro era aplicado na plataforma Rondo Esportes e distribuído como "prêmios" aos integrantes da quadrilha, com quase R$ 13 milhões pagos em uma semana.

A Polícia Federal rastreou pagamentos de R$ 1,1 milhão feitos à quadrilha por uma carga de 126 quilos de cocaína interceptada em Minas Gerais. O dinheiro foi parar nas contas da Rondo Esportes, que patrocinou um time de futebol e abriu uma filial no Mato Grosso antes de ser suspensa pela Justiça. Leandro Blumer, dono da plataforma, foi preso em 2021, mas atualmente responde em liberdade.

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