No Rio Grande do Sul, uma epidemia toma as ruas das grande cidades e assusta: o consumo de crack já afeta milhares de pessoas. E o estado começa a sofrer para tratar quem procura ajuda.
Em Porto Alegre, crianças e adultos consomem crack numa das avenidas mais movimentadas da cidade. A ação policial não tira o problema das ruas. Em vez de encaminhar os adolescentes para a Justiça, os policiais liberam os garotos. Minutos depois, eles voltam a se drogar.
O crack chegou ao estado há apenas dez anos. Mas a droga se espalhou com tanta rapidez que começa a desestruturar o sistema de saúde.
O governo fala em epidemia: mais de 50 mil pessoas seriam dependentes. Além da doença, as famílias atingidas sofrem com a deficiência no atendimento.
No principal hospital psiquiátrico público da capital gaúcha, a espera é longa. Muitos estão ali por decisão judicial, e mesmo assim precisam aguardar. Famílias improvisam camas no saguão do hospital.
A maioria é adolescente, como um jovem de 16 anos que pensava ter controle sobre a droga. "No começo, tu 'acha' que tem domínio. Eu trabalhava e fumava só no fim do mês. Agora, três, quatro dias sem dormir, vendendo todas as coisas?, diz.
O secretário de Saúde do RS, Osmar Terra, diz que há 80 hospitais que de seis meses para cá estão atendendo quem tem problemas com o crack.
O Ministério Público diz que a espera nessas condições é crime. E que o Estado e o Município poderão ser responsabilizados.
?Podemos enquadrar por crime de desobediência porque não está sendo prestado o atendimento ou até mesmo multa ao gestor do município ou do estado por descumprimento de decisão judicial e de comando legal?, diz Miguel Velasquez, promotor de Justiça