Grades, câmeras, portões elétricos, vigilantes particulares. Esta é a forma que os moradores da zona Sul de Teresina tem escolhido, de acordo com as condições de financeiras, para se esconder da criminalidade.
A zona foi classificada, segundo levantamento da Polícia Militar, como a região que mais registrou ocorrências, o que não quer dizer, ressalta, major Edson Júnior, que seja a mais violenta, mas sim a região com o maior número de denúncias.
Este é o caso da proprietária de uma panificadora no Bairro Santo Antônio. Dona Maria de Fátima Sousa Santos conta que já passou por dois assaltos em seu estabelecimento. Pelos relatos, o trauma ainda prevalece na sua memória: "Foi tudo muito rápido e audacioso.
Eram dois assaltantes e não queriam saber quem era proprietário ou quem era cliente, assaltaram todo mundo. Mandaram até quem estava do lado de fora entrar e deitar no chão. Gritavam, ameaçavam e xingavam muito", diz a proprietária.
A vítima acrescenta ainda que o mais assustador é a troca de tiros entre os assaltantes e vigilantes da rua. A figura deste profissional, aliás, tornou-se imprescindível na comunidade.
É comum que não apenas comércios, como também famílias passem a contar com o vigilante para se sentirem mais seguras, pagando por isso, claro.
População muda de hábitos para se defender
A rotina da panificadora mudou com o ritmo de assaltos. Os horários foram reduzidos e os trabalhadores passaram a criar táticas de observação da rua.
"Quando vamos fechar as portas ficamos em três do lado de fora para ver o movimento da rua. Também fechamos mais cedo agora", explica Maria de Fátima.
Engana-se quem pensa que está livre de assaltos ou outros crimes pela presença da luz do dia. A violência fez com que a lojista Kelly Silva criasse restrições quanto ao horário de funcionamento da sua loja.
Além das grades na sua loja de confecções no Bairro Vamos Ver o Sol, a empresária não abre as portas da loja no horário compreendido entre 12 e 15 horas da tarde, considerado o de maior perigo em sua opinião.
Não é só no ambiente de trabalho que Kelly passa por medo. A jovem conta que não costuma sair de casa à noite, exceto para ir ao culto. "Fora isso não saio de casa à noite.
O percurso que faço para voltar do trabalho também poderia ser feito a pé, mas prefiro fazer de ônibus, para não correr risco. E devo chegar à casa no máximo às 9 horas da noite, quando preciso", conta com ar de conformidade.