A cônsul do Brasil em Caiena, na Guiana Francesa, viajou até o município de Saint-Laurent-du-Maroni, na fronteira com o Suriname, e encontrou nove brasileiros feridos em um hospital, após os ataques sofridos na cidade surinamesa de Albina na última quinta-feira. Segundo o Itamaraty, a cônsul Ana Mélia Beltrame conversou com a brasileira que estava grávida de 3 meses e que perdeu o bebê após as agressões.
Ela teria ficado ferida apenas na mão e sofreu aborto devido à tensão da situação. A mulher já teve alta do hospital. Testemunhos dos brasileiros feridos dão conta de que os surinameses que realizaram o ataque não portavam armas de fogo e que as agressões foram feitas com pedaços de pau e facas.
Ataques
Os ataques a brasileiros na cidade de Albina deixaram 14 feridos, segundo as autoridades. As vítimas dos ataques ocorridos contra a comunidade brasileira afirmam que pelo menos quatro brasileiros estão mortos e muitos outros continuam desaparecidos.
O embaixador brasileiro no país, José Luiz Machado e Costa, informou que o ataque seria uma reação ao assassinato de um surinamês por um brasileiro durante uma briga motivada por uma dívida. Um grupo de 81 brasileiros que se refugiou inicialmente em um quartel foi transferido pelo governo local para a capital, Paramaribo.
A cidade de Albina, a 130 km da capital, é o principal ponto de fronteira com a Guiana Francesa e atrai grande quantidade de garimpeiros brasileiros. Existem tensões em Albina entre exploradores de ouro brasileiros e surinameses, incluindo ameríndios, que enfrentam uma alta taxa de desemprego.
Albina, uma cidade com cerca de 5 mil moradores, é o principal ponto de cruzamento para a Guiana Francesa. Segundo a embaixada brasileira, vivem atualmente no Suriname entre 15 mil e 18 mil brasileiros, a maioria dedicada ao garimpo. Segundo Machado e Costa, esta é a primeira vez na história que ocorre um incidente desse tipo, já que a convivência entre os brasileiros e a população local costuma ser pacífica.