Ciro Gomes diz que conhece “essa gente” do PSDB “de longa data”

No primeiro turno, Ciro limitou-se a chefiar a bem-sucedida campanha à reeleição de seu irmão

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Nesta entrevista ao Vermelho, Ciro diz que, por conhecer ?essa gente? do PSDB ?de longa data?, já esperava uma disputa eleitoral repleta de baixarias. Ainda mais porque é Serra quem está no centro da corrida à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

?O jogo do Serra é este. Em todas as eleições em que ele está ? em todas, sem exceção de nenhuma! ?, aparecem sempre os dossiês, os escândalos de véspera de eleição. Há sempre uma revista disponível para suprir a credibilidade das baixarias mais grotescas?, afirma.

No primeiro turno, Ciro limitou-se a chefiar a bem-sucedida campanha à reeleição de seu irmão, Cid Gomes, ao governo do Ceará. De quebra, ajudou a derrotar seu ex-correligionário Tasso Jereissati (PSDB) ? um dos senadores que mais fizeram mal ao Brasil durante o governo Lula. Com o dever de casa cumprido, Ciro Gomes está de volta à grande arena eleitoral e defende Dilma com vigor.

Em sua opinião, é preciso abandonar a ?cordialidade conservadora? e esclarecer os projetos ?muito distintos? que estão em confronto no segundo turno. ?O governo Lula ainda está aí, e a Dilma está no centro de toda a estratégia do governo Lula. E o projeto que o Serra representa é muito recente. Vai ser fácil comparar, e eu acho que o caminho é esse.?

Confira abaixo trechos da entrevista.

Vermelho: Ao que tudo indica, a campanha da Dilma subestimou o impacto da baixaria tucana na disputa presidencial...

Ciro: Quem alimenta essa cordialidade conservadora que eles (o PSDB) tentam impor é o Lula, que, muitas vezes, precisou ser aceito nos salões. Daí vem a versão ?Lulinha paz e amor?.

Vermelho: E você? Já tinha convicção plena de que essa baixaria toda tomaria conta ? como tomou ? da eleição?

Ciro: Eu conheço essa gente ? conheço de longa data. Fui um dos fundadores do PSDB, que nasceu para ajudar a modernizar o Brasil. Agora, na campanha eleitoral, ele se escora no que há de mais profundamente grotesco, violentando uma tradição que o mundo inteiro admira ? que é o respeito à diversidade religiosa.

Mas, com o Serra, sempre foi assim. O jogo do Serra é este. Em todas as eleições em que ele está ? em todas, sem exceção de nenhuma! ?, aparecem sempre os dossiês, os escândalos de véspera de eleição. Há sempre uma revista disponível para suprir a credibilidade das baixarias mais grotescas.

Vermelho: Foi o Serra que empurrou o PSDB para a apelação?

Ciro: O Serra vem se fragilizando desde sempre. Ele tem uma história original e uma formação bastante respeitáveis, mas o oportunismo político dele está revelado. Veja o que ele faz com uma questão complexa, que é o aborto. Como a Dilma diz uma frase diferente da outra ? e com cinco anos de diferença entre a primeira e a segunda frase ?, a estrutura do Serra quer provar uma certa desonestidade.

Enquanto isso, ele vai a um cartório em São Paulo e assina um papel ? diz que dá a palavra formal de que não iria renunciar à Prefeitura. Mas, ato contínuo, ele vai embora e entrega a Prefeitura de São Paulo ao DEM. Aí ninguém faz registro de nada, como se isso não fosse uma falta absoluta de escrúpulo. É isso o que caracteriza o caminho dele.

Vermelho: Como reagir a esse jogo sujo?

Ciro: Não tem segredo. Para nossa grande sorte, os projetos são muito distintos. O governo Lula ainda está aí, e a Dilma está no centro de toda a estratégia do governo Lula. E o projeto que o Serra representa é muito recente. Vai ser fácil comparar, e eu acho que o caminho é esse.

Vermelho: O que, exatamente, representa a candidatura de Serra?

Ciro: É o mesmo mal que foi provocado pelos oitos anos do governo de Fernando Henrique Cardoso. A explosão do desemprego, a quebra financeira, a instabilidade econômica, o aviltamento de salário, o desmantelo da infraestrutura, a dependência internacional sem precedente, o apagão no setor elétrico ? tudo isso foi ontem. E ele, Serra, foi o ministro desse projeto durante oito anos ? nem pode dizer que saiu porque se zangou com alguma coisa

Agora, o que eles estão tentando? Em vez de usarem os critérios que importam ? emprego, salário, progresso, desenvolvimento, justiça social, respeito internacional ?, eles querem trazer para ?miudices?. As questões que eles apresentam, mesmo graves, complexas ou sérias, são ?miudices? sectárias, uma mistificação religiosa. Isso é o que eles querem e, se aceitarmos, nós entramos pelo cano. Temos de trazer o verdadeiro debate de volta. Por isso é que não aceito a cordialidade conservadora, que só interessa para eles.

Vermelho: De onde vem essa cordialidade?

Ciro: Talvez nós ainda tenhamos complexo de inferioridade por não sermos aceitos na mesa dos brancos, dos grandões, dos mandões do país. Em cima da mesa, fica todo mundo elegante. E nós ? que queremos ser elegantes ? por debaixo da mesa aguentamos a canelada mais imunda e mal cheirosa. Vamos trazer o assunto para cima da mesa, para o povo saber quem está jogando sujo e quem está jogando limpo.

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