O chinês encontrado pela polícia sendo escravizado em uma pastelaria em Parada de Lucas, na zona norte do Rio, revelou que existem pelo menos cinco pessoas que, junto com ele, vieram para o Brasil iludidas por uma proposta de emprego e acabaram forçadas a trabalhar sob tortura. O grupo se dispersou na chegada ao País. Segundo o jovem de 22 anos, ao menos um dos viajantes seguiu para ser escravizado no Estado de São Paulo.
Yan Kian Kuam está internado no Hospital Getúlio Vargas para se recuperar das agressões provocadas pelo primo, que era o dono da pastelaria e foi preso. O estado de saúde do rapaz é considerado estável, porém sem previsão de alta.
Durante cerca de três horas nesta segunda-feira (15), a delegada Maria Madalena Carnevale conversou com a vítima no hospital e colheu detalhes sobre o esquema de tráfico de pessoas, conforme afirmou em entrevista ao Cidade Alerta.
? Ele foi iludido por uma proposta de trabalho normal, com pagamento de salário e horas delimitadas. Mas na verdade foi submetido a um trabalho escravo com sessões de tortura. Falou que havia cinco pessoas com ele nessa mesma condição e que essas pessoas foram difundidas aqui ou para o Rio de Janeiro ou para São Paulo.
O chinês foi encontrado pela polícia muito machucado em um alojamento precário dentro da pastelaria. Segundo as investigações, o primo o escravizou pelos últimos seis meses.
Na delegacia, o suposto agressor admitiu que brigou com a vítima, que teve a cabeça lançada contra uma máquina de fazer massas de pastéis. A orelha esquerda de Yan Kian Kuam ficou desfigurada.
O comerciante foi preso em flagrante e indiciado por tortura, escravidão, omissão de socorro e frustração ao direito assegurado por lei trabalhista. Ele vem sendo mantido no complexo penitenciário de Bangu. A pastelaria foi interditada.