O sargento Marcelo Leal, do 23º Batalhão da Polícia Militar (Leblon), que responde por corrupção passiva, sob acusação de ter aceitado propina de Roberto Bussamra, pai de Rafael Bussamra - motorista que atropelou o filho de Cissa Guimarães, Rafael Mascarenhas -, negou em audiência nesta quinta-feira que tenha recebido dinheiro. O advogado Ekner Maia, que defende Leal, disse que caso seu cliente seja condenado, vai alegar que ele sofre de esquizofrenia para tentar atenuar a pena.
O sargento e o cabo Marcelo Bigon, do 23º BPM (Leblon) prestaram depoimento à juiza da Auditoria Militar, Ana Paula Barros. Além da magistrada, um major e três capitães da Polícia Militar, membros do Conselho Permanente de Justiça, participaram da audiência.
Na segunda-feira, o Ministério Público do Rio, junto à Auditoria de Justiça Militar, denunciou os PMs por corrupção passiva, falsidade ideológica e descumprimento de função. Segundo a promotora de Justiça Isabella Pena Lucas, caso sejam condenados pelos três crimes, os policiais podem pegar de três a oito anos de prisão.
De acordo com a denúncia, na madrugada de 20 de julho, os PMs aceitaram, de Roberto Martins Bussamra, promessa de recebimento de R$ 10 mil para não atuar na preservação do local do atropelamento, prestar auxílio à vítima Rafael Mascarenhas e conduzir o atropelador Rafael Bussamra à delegacia.
Horas depois, os denunciados deixaram de cumprir missão, saindo do posto de patrulhamento para escoltar o carro do atropelador. Pela manhã, ainda de acordo com a denúncia, os policiais receberam de Roberto Bussamra R$ 1 mil como parte de pagamento do que havia sido combinado para que não fossem tomadas as providências cabíveis.
Por fim, os PMs apresentaram o Termo de Registro de Ocorrência com informação falsa, descrevendo a liberação do veículo de Rafael Bussamra sem a constatação de irregularidades. Após o atropelamento, Rafael Mascarenhas ainda foi levado para o Hospital Miguel Couto, onde morreu após cinco horas.