Após cinco anos, advogados dos avós paternos de Marcelo Pesseghini informam ter procurado a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington (EUA), para tentar reabrir o caso da chacina da família dele em São Paulo.
A investigação policial foi arquivada ao concluir que o estudante Marcelinho, de 13 anos, baleou e matou o pai e a mãe policiais militares, a avó materna e a irmã dela, tia-avó do adolescente. Em seguida, ele se suicidou com um tiro na cabeça no dia 5 de agosto de 2013. Todos morreram na casa onde moravam na Zona Norte.
Nenhum vizinho, porém, ouviu os disparos que mataram o garoto; o pai dele, o sargento das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos; a mãe, a cabo Andréia Bovo Pesseghini, de 36; a avó materna, Benedita de Oliveira Bovo, 67; e sua tia-avó Bernadete Oliveira da Silva, 55.
A arma usada foi uma pistola .40 de Andréia. Todas as vítimas estavam dormindo, segundo a polícia. O motivo do crime, de acordo com laudo psiquiátrico, foi uma doença mental que levou Marcelinho a acreditar que era o personagem do game Assassins Creed, um assassino profissional.
Essa versão oficial da Polícia Civil não convenceu o casal Maria José Uliana Pesseghini, 68, e Luís Pesseghini, 69, respectivamente avó e avô de Marcelinho. “É lógico que não foi meu neto”, fala a dona de casa Maria. “Vai completar cinco anos em 5 de agosto. Choro muito ainda. Ele jamais iria fazer isso com a mãe dele, o pai dele e os avós”.
O que faz Luiz acreditar que Marcelinho não matou a família é o temperamento do neto. “Ele era tímido, dócil”, diz o avô. “A investigação só se preocupou em acusar o menino ao invés de procurar quem seria o verdadeiro assassino”.
Segundo a advogada Roselle Soglio, caso o órgão internacional aceite os documentos, uma comissão deverá ser criada para vir ao país investigar a morte da família. “Mas isso depende da documentação e ainda vai depender também dessa pré-análise que eles estão fazendo, mas tenho certeza e confio na comissão internacional”, espera a advogada.
Roselle espera que a CIDH encaminhe o caso Pesseghini à Corte Interamericana de Direitos Humanos. “O objetivo é que a Corte condene o Brasil por ser omisso às provas do caso, além de pedir que interceda para retirar o nome de Marcelinho como culpado e que a investigação seja reaberta”.