A Polícia Civil descobriu que Rafaela Costa, acusada de envolvimento na morte do marido Igor Peretto, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, ficou cinco minutos e 12 segundos em uma ligação com o celular dele após o crime. Sendo assim, de acordo com a corporação, a chamada aconteceu quando o comerciante já estava "morto ou agonizando".
Um relatório complementar de investigação da Polícia Civil recuperou dados que Rafaela teria apagado do próprio celular. Entre eles, a ligação dela atendida pelo telefone de Igor. A ligação aconteceu às 6h02 do dia 31 de agosto, sendo que Marcelly Peretto (irmã) e Mario Vitorino (cunhado e sócio) saíram do local do crime às 6h04. "Neste horário, a vítima já estava morta ou agonizando após tamanha crueldade e carnificina", apontou a Polícia Civil.
ACUSADOS E MOTIVAÇÃO DO CRIME
Além de Rafaela, duas pessoas próximas a Igor foram presas: Marcelly Peretto e Mario Vitorino. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) concluiu que o trio premeditou a morte do comerciante, em 31 de agosto, porque ele era um "empecilho no triângulo amoroso".
INVESTIGAÇÕES
A Polícia Civil ressaltou que a ligação telefônica é contraditória aos depoimentos de Rafaela. Anteriormente, a viúva afirmou ter bloqueado o contato de Igor por medo dele. "Então, por que ligaria para o número deste?", questionou a polícia ao enviar o relatório à Justiça.
Na sequência do histórico de chamadas, a Polícia Civil encontrou ligações de Rafaela para Mario. Estas, de acordo com a corporação, demonstram que o "vínculo entre os três investigados estava cada vez mais forte e unido".
Dados excluídos
As imagens das câmeras de monitoramento do prédio de Marcelly mostram Rafaela a todo momento no celular, sendo que ela citou trocas de mensagens com Mario em depoimento à polícia. Segundo a corporação, ela apagou os dados do telefone para ninguém descobrir a intenção com o crime.
A corporação acrescentou que Rafaela sabia sobre o mandado de prisão contra Mario, mas não revelou aos policiais que ele estava escondido na casa do próprio tio. "Empreendeu fuga juntamente com o assassino de seu marido e pai de seu filho, deixando uma criança [filho dela com Igor] de apenas cinco anos abandonada", pontuou a polícia.
Triângulo amoroso
O MP-SP concluiu que o trio premeditou o crime porque Igor era um "empecilho no triângulo amoroso" entre Rafaela, Marcelly e Mario Vitorino. Em entrevista ao g1, a promotora Roberta afirmou ter considerado o caso como "chocante e violento".
Para a promotora, o trio demonstrou "alta periculosidade" por ter planejado a morte de uma pessoa próxima e por ter feito pesquisas de quanto tempo um corpo demora a feder. "Se eles fazem isso com alguém que juravam amor, o que não fariam com nós, com as demais pessoas que convivem com eles na sociedade?", afirmou Roberta.
Vantagem financeira
De acordo com a denúncia recebida pela Justiça, a morte de Igor traria "vantagem financeira" aos acusados. Os advogados dos presos negaram a versão apresentada pelo MP-SP, que afirmou que Rafaela mantinha relacionamentos extraconjugais com Mário e Marcelly, estabelecendo uma relação íntima entre o trio sem o conhecimento do comerciante.
O Ministério Público citou quais seriam as vantagens financeiras aos denunciados.Segundo o órgão, Mário poderia assumir a liderança da loja de motos que tinha em sociedade com o cunhado, enquanto a viúva receberia herança. “Marcelly, que se relacionava com os dois beneficiários diretos, igualmente teria os benefícios financeiros”.
O MP considerou a ação do trio contra Igor um "plano mortal". O documento diz que eles planejaram o crime, sendo que Mário desferiu as facadas, a viúva atraiu o comerciante e, junto com Marcelly, incentivou Mário a matá-lo.
Prisões
As mulheres se entregaram e foram presas em 6 de setembro, enquanto Mário foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), no dia 15 do mesmo mês.
Relembre o crime
O assassinato aconteceu em 31 de agosto no apartamento da irmã de Igor, em Praia Grande. Dentro do imóvel estavam a vítima, Marcelly e Mário Vitorino. Rafaela chegou com Marcelly ao apartamento, mas o deixou 13 segundos antes do marido chegar com o suspeito pelo assassinato.
De acordo com os depoimentos do trio e dos advogados, a viúva Rafaela tinha um caso com Mário. Além disso, o advogado de Marcelly chegou a dizer que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.