O acordo que era tramado nos bastidores para garantir uma confissão do goleiro Bruno Fernandes de participar na morte de Eliza Samudio está descartado pelos advogados de defesa e acusação.
Os advogados do goleiro descartam o acordo por acreditar que no processo, com mais de 12 mil páginas, não há provas de que Bruno seja responsável pela morte de Eliza. A confissão de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, que atribuiu o crime à ordens do ex-patrão é descartada pelos advogados como argumento viável para incriminá-lo.
Tiago Lenoir, advogado que assumiu a defesa de Bruno antes do desmembramento do processo, afirma que José Arteiro, advogado da mãe de Eliza, tentou negociar um acordo ainda durante o julgamento de Macarrão e Fernanda Gomes, na última semana.
? Ainda no plenário ele se aproximou e, rapidamente, propôs uma confissão, falou que isso seria vantajoso para o Bruno. De imediato, descartamos qualquer conversa. É preciso se ater às provas do processo, e não há qualquer prova de que Bruno tenha envolvimento no crime.
Fransisco Simim, que também defende a ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues, rechaçou qualquer conversa de imediato.
? Sugestionaram o Macarrão para falar bobagem e depois tentaram fazer o jogo conosco. Não tem conversa nenhuma, negócio é na Ceasa, não é no Fórum. Como vou fazer acordo se tenho plena certeza de que meu cliente é inocente?
José Arteiro, que tentava costurar o acordo, recuou por orientação da própria equipe.
? A Maria Lucia (Gomes) me convenceu a desistir disso. Nós já temos a confissão do Macarrão, não precisamos mais que o Bruno assuma o crime. Ele está implicado até o pescoço.
Outro advogado de Bruno, Lúcio Adolfo da Silva, se dispôs a ouvir a proposta de Arteiro no último domingo (25), mesmo negando a participação do goleiro no homicídio.
? Não sou porta-voz de confissão. Respeito muito o Arteiro, vou ouvi-lo com respeito.
O representante do Ministério Público, Henry Wagner Vasconcelos, já havia negado qualquer tratativa entre acusação e defesa. Para ele, os elementos contidos nos autos já seriam suficientes "para a condenação de Bruno e dos demais réus".