O promotor João Milton Salles, responsável pelo caso Daniel, denunciou sete pessoas nesta terça (27) à Justiça pelo assassinato do jogador. Além da família Brittes, mais quatro pessoas foram denunciadas por envolvimento no crime.
A novidade foi a denúncia também de Evellyn Brisola Perusso, 19 anos, que ficou com a vítima, na festa de 18 anos de Allana, antes do crime. Evellyn responderá por denunciação caluniosa e fraude processual, mas não será presa.
"Houve uma tentativa de se imputar crimes a terceiros, que sabidamente não participaram. Foi uma tentativa de atrapalhar a investigação. Aí culminou no crime de falso testemunho", disse o promotor João Milton Salles sobre Evellyn. "Quando ouvida, trouxe à cena do crime o Eduardo Purkote. Na conclusão do inquérito e após a minha análise, chegou-se a conclusão que ele não participou", explicou.
"Ela não pode ser presa, a pena aplicada a esse crime é relativamente baixa. o crime é de denunciação caluniosa, e o meio utilizado para isso foi um falso testemunho. Ela dolosamente atribuiu essa conduta criminosa ao Eduardo (Purkote)", completou.
Evellyn foi a testemunha do caso que indicou que o gêmeo Eduardo Purkote teria dado a faca do crime a Edison Brittes Júnior, que confessou o assassinato. Além disso, segundo ela, Purkote agrediu o jogador e quebrou o celular de Daniel. O gêmeo foi solto na última segunda (26) e não foi denunciado por nenhum crime.
Edison Brittes Júnior, Ygor King, David Vollero e Eduardo Henrique da Silva, que estavam no Veloster preto e levaram o jogador para a morte foram denunciados por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, ocultação de cadáver e fraude processual.
Cristiana Brittes foi denunciada por homicídio qualificado por motivo torpe. Allana Brittes foi denunciada por fraude processual e coação de testemunha.
Denunciados pela morte do jogador
Edison Brittes Júnior – homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, ocultação de cadáver e fraude processual.
Eduardo Henrique Ribeiro da Silva – homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, ocultação de cadáver e fraude processual.
David Vollero – homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, ocultação de cadáver e fraude processual.
Ygor King – homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, ocultação de cadáver e fraude processual
Cristiana Brittes – homicídio qualificado por motivo torpe, fraude processual e coação de testemunha.
Allana Brittes – coação de testemunha e fraude processual
Evellyn Brisola Perusso – denunciação caluniosa e fraude processual
Todos os envolvidos também responderão por corrupção de adolescente. A prima de Cristiana, que estava na casa, tem 17 anos e foi obrigada a limpar o local após o crime.
Prova pericial foi determinante para denúncia
Segundo o promotor, as provas periciais confirmam que mais de uma pessoa atuou de forma determinante na morte de Daniel. "A conclusão foi confirmada pela prova pericial, a perícia é uma prova importantíssima. Ela aponta que esse rapaz, pra ser executado da forma como foi, somente com a atuação de mais de uma pessoa. Outro fator importante que a perícia aponta é que este carro só tem três portas, o Veloster não é um carro 4 portas, e tinha marcas de sangue em todas as portas".
Cristiana Brittes pediu para não fazer sujeira em casa
O promotor explicou que a atitude de Cristiana Brittes quando Daniel começa a ser espancado ajudou para o desfecho trágico. Denunciada por fraude processual, coação de testemunho e homicídio, ela teria afirmado que "não queria mais sangue em sua casa". "O que aparece ali nas investigações e no inquérito é que em determinado momento, quando surgiu a situação de espancamento, a reação dela foi consciente, ela se levantou e acompanhou. E o que aparece nos depoimentos foi que ela aderiu ao comportamento do Edison e dos rapazes, e depois aparece ela, através de relatos, determinou que se acabasse o crime fora da casa. A morte do Daniel não teria ocorrido se não fosse essa instigação", comentou João Milton Salles.
"Não teve tentativa de estupro", diz MP
João Milton Salles afastou de vez a hipótese da defesa de Edison Brittes Júnior de que Cristiana sofreu uma tentativa de estupro por parte de Daniel. "Absolutamente rechaço isso, quererem imputar a esse rapaz o crime de estupro".
Mensagens de Daniel demonstraram "ambiente de descontração"
O promotor destacou a importância do áudio de Daniel mandado a amigos no dia do crime. Segundo ele, esse áudio demonstrou o clima de descontração do local. "Aquela mensagem falada que ele manda, demonstra exatamente a boa fé que ele estava nos atos que ele estava cometendo. Estava demonstrando que estava se sentindo num ambiente de extrema descontração, inserido num lugar que permitia a todos um comportamento festivo".
O celular de Daniel não foi encontrado. "Como eu gostaria de ter esse celular, hoje seria um celular de 1 milhão de dólares. Quem desapareceu com o celular? Quem desapareceu com o celular foram as pessoas que o mataram".
Outros crimes ligados a Edison Brittes Júnior
O promotor João Milton Salles disse que outros possíveis crimes ligados a Edison Brittes Júnior serão investigados inicialmente pela polícia. "São procedimentos ligados a outras promotorias. No curso da investigação, e talvez isso que tenha chamado a atenção, é que cada cavada que você dava, era uma coisa diferente que saía dali. Carro, motocicleta e telefone mostraram ligações nebulosas dele. Por dever de ofício, encaminhei isso à delegacia de São José dos Pinhais. Eles vão levantar esses dados e a partir daí o delegado vai definir".
"Um fato que será investigado em São José é o rapaz do celular. Esse rapaz foi morto perto da casa do Edison, com tiros de fuzil, com extrema violência. O trabalho desse rapaz era adulteração de veículo roubado. Quando acho um celular desse morto, tenho um fio da meada. Não tenho como apontar autoria, mas tenho um caminho"