O Ministério Público estadual do Rio deve denunciar o major Edson Raimundo dos Santos, ex-comandante da UPP da Rocinha, por corrupção de testemunha no caso do desaparecimento e morte do ajudante de pedreiro Amarildo Souza, em julho do ano passado. Assim, a promotoria que atua junto à Auditoria Militar deve discordar do comando da corporação, que em Inquérito Policial Militar (IPM) do caso, concluiu que o caso não se tratava de crime militar. A decisão da corporação foi publicada nesta quinta-feira pelo jornal ?O Dia?.
Major Edson era suspeito de ter oferecido vantagens financeiras para duas testemunhas do caso darem depoimentos que incriminassem os bandidos da favela da Rocinha pelo desaparecimento de Amarildo. Três policiais que eram subordinados ao oficial ? o terceiro-sargento José Augusto de Lacerda e os soldados Newland de Oliveira Silva e Junior e Bruno Medeiros Athanázio ? foram apontados como responsáveis por executar as ?benfeitorias?. Diferentemente do major, os três foram indiciados, ao fim do IPM, ter terem atrapalhado as investigações. Os praças serão submetidos a Conselho de Disciplina da corporação.
A assessoria de imprensa da PM frisou ontem, em nota, que o major Edson não foi absolvido no IPM, mas apenas foi levado em conta que ele já responde, na Justiça comum, por fraude processual e tortura seguida de morte. ?Cabe ressaltar, que o encarregado (pelo inquérito) emitiu um parecer com entendimento de que o crime de corrupção ativa de testemunhas supostamente praticado pelos policiais citados seria crime de competência da Justiça Militar. Mas a Corregedoria entendeu se tratar de crime de responsabilidade da Justiça Comum?, afirmou a nota.
A assessoria de imprensa explicou ainda que o major Edson e outros oficiais ainda respondem a Conselho de Justificação, e ainda poderão ser expulsos da PM. Vinte e cinco PMs, entre eles o oficial, foram denunciados pelo desaparecimento e morte de Amarildo.
O inquérito
- Trâmite: a solução do Inquérito Policial Militar, publicado anteontem no boletim interno da corporação, passou pelo crivo do comandante da PM, coronel Luis Castro, e pelo corregedor da corporação, Sidney Camargo. Agora, o documento será encaminhado ao MP.
- Intimidação: o encarregado do IPM foi o major Fábio de Sá Romeu, que não está mais na 8ª DPJM. No relatório do inquérito, o oficial deixou claro que foi intimidado, possivelmente pelos investigados, para atrapalhar o seu trabalho.
- Envolvidos: no total, o IPM apontou o envolvimento de 29 policiais militares com o desaparecimento e morte do pedreiro Amarildo.
- Prisão: dos 25 policiais militares denunciados pelo MP, 13 estão atrás das grades desde outubro do ano passado.