A polícia do Rio de Janeiro investiga o conteúdo de uma carta que teria sido enviada pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, a aliados cariocas.
No bilhete, segundo policiais, o bandido revela que enviava cocaína para a Europa e que tinha planos de abrir pelo menos três empresas no Rio de Janeiro. Atualmente, o criminoso está preso na penitenciária federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Segundo policiais, na carta, apreendida no início deste semestre, há informações de que a quadrilha trazia do exterior mensalmente cerca de 450 kg de cocaína, dos quais 300 kg seriam enviados para a Europa e os outros 150 kg abasteceriam o mercado do Rio de Janeiro.
No mesmo bilhete, é mencionado também que o grupo de Beira-Mar seria responsável pelo envio, por mês, de cerca de cinco toneladas de maconha para o Rio de Janeiro, sendo que o lucro seria dividido meio a meio com um suposto sócio, cujo nome não foi revelado.
De acordo com um agente, a carta ainda traz comentários sobre homicídios de supostos informantes da polícia (X-9) e de cobranças de dívidas. Em outro trecho, o bandido cita que, se os endividados não queriam lhe pagar em dinheiro, tinham que entrar como sócios em pelo menos três empresas que ele pretendia abrir no Estado.
A polícia não sabe se, com a ocupação no Complexo do Alemão, na zona norte, que recebia toda a droga que Beira-Mar trazia, o esquema continuaria funcionando. Seu principal "assessor", o traficante Marcelo Leandro da Silva, o Marcelinho Niterói, estava escondido no local e fugiu após as incursões policiais e de tropas do Exército.
Marcelinho Niterói tinha uma casa no conjunto de favelas, que já está servindo de base para um dos batalhões de campanha que a polícia montou no Alemão.
A quadrilha de Beira-Mar tem ainda grande atuação na fronteira do Brasil com o Paraguai. As polícias dos dois países investigam se aliados do bandido estariam na região. A Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) da nação vizinha informou que, após a ocupação no Alemão, houve a entrada de suspeitos no país, mas não soube informar a identidade nem a nacionalidade.
Durante a ocupação no Alemão, a polícia apreendeu na casa de Niterói outra carta que também teria sido escrita por Beira-Mar. Nela, o traficante fala em uma suposta aliança com milicianos e sugere o sequestro de autoridades.