Candidatos presos no Ceará e no Amapá foram flagrados com o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo (6).
Em Fortaleza, a polícia encontrou no bolso de um homem de 34 anos o tema e o texto da redação pronto para ser transcrito. Ele recebeu o gabarito pelo celular e usou também um ponto eletrônico na sala do exame.
"Essa prova foi vazada de alguma forma e, não sabemos como ainda, mas os gabaritos chegaram a candidatos antes mesmo de o exame iniciar, isso é fato", disse nesta segunda-feira (7) a delegada da Polícia Federal Fernanda Coutinho, coordenadora regional do Enem no Ceará.
Segundo ela, o candidato preso em Fortaleza já tinha acesso ao gabarito e tema da redação por volta das 11h e 11h30 do dia da prova (horário local). Os portões foram fechados ao meio-dia e o exame começou 12h30.
"Ele levou no bolso a redação já feita, somente para fazer a transcrição na hora do exame", afirmou a delegada. Fernanda Coutinho disse que, geralmente, o esquema de fraude do Enem tem um "candidato piloto", que faz a prova informa as respostas para outro que repassar o gabarito. Mas, neste ano, a Polícia Federal no Ceará obteve informações de que os gabaritos foram divulgados no horário da prova e antes, por meio do WhatsApp.
Em Macapá, um homem de 31 anos foi preso logo depois de deixar o local de prova em uma faculdade no Centro. Após abordagem, ele confessou que sabia o tema da redação antes mesmo de iniciar o segundo dia de provas.
Com ele, foi encontrado um texto com o assunto "intolerância religiosa", aplicado no Enem a quase 6 milhões de candidatos em todo o país.A operação, segundo a polícia, chegou até o suspeito porque havia indícios de fraude em provas feitas por ele em anos anteriores. Os agentes da PF se disfarçaram de aplicadores do exame e fizeram a prisão após o suspeito sair do local.Operação Jogo LimpoA Polícia Federal fez duas operações para combater fraudes no Enem em oito estados: Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Tocantins, Amapá e Pará.
Ao todo, 11 pessoas foram presas flagradas usando ponto eletrônico.Na operação chamada Jogo Limpo, a PF informou que foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão.Em outra ação, denominada Embuste, a polícia desmontou uma quadrilha que transmitia respostas da prova para candidatos de três cidades – Montes Claros (MG), uma na Bahia e outra no Ceará, segundo informou o Fantástico. Foram cumpridos 28 mandatos, segundo 4 de prisão temporária.
Em Minas, as respostas eram passadas por celular, mas o esquema era sofisticado. Um ponto ficava bem dentro do ouvido e só podia ser colocado ou retirado com pinça.“A quadrilha cobrava entre 150 e 180 mil [reais], a depender da universidade que o candidato pretendia ingressar”, disse um delegado da Polícia Federal.De acordo com a PF, o principal alvo dos candidatos que recorreram à fraude eram cursos de medicina.