“Bola não vai confessar morte de Eliza”, afirma promotor do caso Bruno

Henry Vasconcelos considera justa pena entre 22 e 25 anos para ex-policial civil.

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A condenação do goleiro Bruno a 22 anos e seis meses de detenção não encerra o caso Eliza Samudio. No dia 22 de abril, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, vai a júri popular pelo assassinato e ocultação do cadáver da modelo. Em 15 de maio, Wemerson Marques e Elenilson Vitor serão julgados pelo sequestro de Bruno Samudio.

Ao contrário de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e do goleiro Bruno, que ensaiaram uma confissão, Marcos Aparecido não vai admitir que matou Eliza asfixiada nem vai apontar o que fez com o corpo depois de esquartejá-lo. A afirmação é do promotor Henry Vasconcelos.

? A promotoria de Justiça trabalhará sem esperança da confissão. Considerando que os réus que já foram julgados, ou apresentaram uma espécie de confissão, ainda que pálida, como Macarrão, ou tentaram se aproximar de alguma confissão, a exemplo do Bruno, e podemos até falar da Dayanne, a promotoria de Justiça entende que deixa de ser de todo possível que Bola tente algo similar para conseguir benefício de redução de pena.

Neste cenário, o promotor julga que uma pena justa para Bola atinja entre 22 e 25 anos.

Cenário de medo

Uma névoa de medo de Marcos Aparecido atinge testemunhas e réus que, com raras exceções, preferem manter o silêncio sobre sua participação. O mistério que ainda cerca o que foi feito com corpo favorece o temor. Antes de Bruno, somente Sérgio Rosa Sales (assassinado em agosto de 2012) e Jorge Luiz Rosa [que chegou a ser incluído em programa de proteção a testemunhas] haviam denunciado Bola.

O promotor Henry Vasconcelos analisa o desconforto em torno de jurados e testemunhas ao abordar Bola. O próprio Bruno deixou escapar o nome de Marcos Aparecido em um momento de lapso no júri.

? Há a demonstração de medo o tempo todo, é perceptível nos jurados e em testemunhas. A condução deve ser cuidadosa. O Bruno não ia mencionar o nome de Bola, apenas o apelido [Neném].

O presidente da comissão de assuntos penitenciários da OAB Minas (Ordem dos Advogados do Brasil), Adilson Rocha, concorda que Bruno citou o nome de Bola sem querer durante o depoimento.

? Tive essa impressão, sim. Ele foi o primeiro réu a mencionar o Bola em julgamento, mas não acredito que havia acordo para manter silêncio sobre o nome. O que ainda há é um temor pela fama de matador, integrante de grupo de extermínio. Isso pode influenciar os jurados.

Policiais envolvidos

Bola encara os jurados com uma investigação ainda em curso pelo Ministério Público. O registro de ligações telefônicas indica que os policiais Gilson Costa e José Lauriano de Assis mantiveram contato com Macarrão e Bola durante o sequestro e podem ter presenciado a execução. Apesar de não comentar o novo inquérito, o promotor Henry Vasconcelos garante que Zezé será denunciado.

? O Zezé foi protagonista na articulação entre os mandantes [Macarrão e Bruno] e o executor, além de ter participado da ocultação do cadáver.

Segundo o promotor, a nova investigação não deve ser concluída antes do julgamento de Bola. "A promotoria de Justiça não acredita que as investigações suplementares terminem antes do julgamento de Bola".

Para Adilson Rocha, o processo seria melhor fundamentado com o complemento das investigações.

? É anormal haver um júri com investigações em curso. No caso do Bruno e do Macarrão, não houve interferência, já que são considerados mandantes. Mas como o Bola será julgado, se ainda há possíveis executores sendo investigados?

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