Último capítulo de novela sempre tem final feliz. Com a história de Luana Aparecida Pereira, de 26 anos, e sua filha Isadora, recém nascida, não foi diferente. Após ser levada do Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, na Zona Leste de São Paulo, na terça-feira (4), por uma adolescente de 15 anos disfarçada de enfermeira e ser recuperada seis horas depois, mãe e filha foram para casa na tarde desta quarta-feira (5).
A história delas pode estar mais para minissérie do que para novela, mas a mistura de sentimentos que Luana experimentou e os elementos da trama, com direito a disfarce, polícia e rapto de bebê, não deixam nada a dever a qualquer folhetim.
?Fiquei com raiva, lógico, magoada, mas agora perdoei porque sei que ela sentiu exatamente o que eu senti?, diz a mãe.
Exatamente o que as duas sentiram foi a dor de perder um filho. A adolescente que levou Isadora da maternidade passou por dois abortos antes de se disfarçar de enfermeira e fugir com o bebê. "Ela passou o dia inteiro comigo no local, falou que era estagiária e estava cuidando do bebê", conta Luana, que em momento algum suspeitou da adolescente.
Ali, no quarto 209, no segundo andar da maternidade, ela deu sua filha para que a falsa estagiária de enfermagem carregasse no colo por alguns minutos. Quando percebeu, a adolescente já deixava o local com a menina dentro de uma bolsa. ?Quando fiquei sabendo, voltei voando para o hospital?, diz o irmão de Luana, Fernando Juan Pereira.
Luana ainda gritou pela filha, mas a adolescente desapareceu com a menina. Pouco tempo depois, o jaleco branco que a jovem usava foi encontrado na estação Belém, do Metrô. O acompanhante de uma paciente do quarto ao lado diz que tentou filmar o momento em que os seguranças do hospital se deram conta do ocorrido, mas foi impedido. "Os guardas começaram a revistar todos os quartos, mas não encontraram nada", diz ele, que prefere não se identificar.
Agora a mãe de Isadora diz que quer apenas ir para casa e dar um banho em sua filha. Depois vai pensar no que fazer. Ainda não decidiu se vai procurar a Justiça.
Raiva? Luana diz que não. E aproveita para agradecer aos pais da adolescente que a levaram para a delegacia com Isadora no colo. Daqui pra frente, a história das duas cabe só a elas escrever.