Crimes contra o patrimônio, roubos, furtos, a modalidade não importa. Bandidos que já tiravam o sono da população simplesmente por retirarem à força o que custou muito para ser conseguido agora começam a mostrar uma nova face em Minas Gerais: a da ousadia sem limites, que pode chegar a ser confundida com uma grande "folga".
Em um dos casos, um dos suspeitos, que assaltou uma drogaria da região leste de Belo Horizonte, não ficou contente somente em levar o dinheiro do caixa do local. Ele também aproveitou a oportunidade para pedir uma dica de saúde para o farmacêutico do estabelecimento. No interior, uma quadrilha aterrorizou moradores de uma fazenda em um assalto. Enquanto as vítimas passavam por momentos de pânico, o grupo aproveitava para jantar e assistir televisão.
No último dia 18 de março, a vítima foi um hóspede de um hotel na avenida Pedro II, na região noroeste da capital mineira. O suspeito, que invadiu o estabelecimento, se aproveitou para beber leite que estava dentro de um dos quartos. Na maior tranquilidade, o homem, que furtou roupas do local, ainda parou para fumar crack.
A massificação do uso da droga, aliás, é um dos motivos apontados pelo especialista em segurança pública e professor da PUC Minas, Robson Sávio dos Reis Souza, como um dos motivos para a ação dos "folgados".
? Temos um fenômeno no Brasil, claro que não responde por todos os casos, mas o uso de crack, essa epidemia, muitos usuários no Brasil precisam do dinheiro para comprar a droga e assaltos, furtos, são as formas que eles encontram para conseguir dinheiro para manter o vício.
A grande desigualdade social no Brasil também é outra causa apontada pelo especialista para o grande número de crimes e para a falta de noção. O desdém, entretanto, parte, principalmente do sistema penal que deixa a desejar no País.
? Quando se tem um sistema de justiça criminal como o brasileiro, que não funciona adequadamente, é claro que as pessoas praticam os crimes na certeza que isso [punição] não vai acontecer. Isso faz com que o infrator seja irônico, desdenhe da situação.