Nos próximos dias, o empresário Thiago Brennand deverá ser extraditado ao Brasil após ter sido preso nos Emirados Árabes Unidos. Em maio do ano passado, Brennand enviou áudios desafiando uma mulher a denunciá-lo, minimizando o risco de ser preso e ironizando: "Vão me meter na cadeia, ó meu Deus".
Na conversa, a interlocutora de Brennand era uma prostituta que havia sido alvo de um boletim de ocorrência registrado pelo empresário, que a acusava de difamação. Segundo Brennand, a mulher havia se unido a um ex-amigo para espalhar informações falsas e extorqui-lo. O empresário justificou a queixa alegando que havia recebido áudios nos quais a mulher contava a uma amiga que havia sido forçada por ele a ter relações sexuais sem preservativo.
Algumas horas depois de ter registrado o boletim de ocorrência contra a mulher, Thiago Brennand entrou em contato com ela, enviando uma foto do documento policial. O empresário afirmou não ter medo de "grupinho" que pudesse prejudicá-lo e declarou não ter telhado de vidro. A mensagem foi enviada às 23h12 do dia 4 de maio de 2022.
No entanto, quando a mulher questionou qual crime teria cometido, Brennand se esquivou, dizendo que não queria conversa com ela e que seu assunto era com a polícia. A mulher, por sua vez, não se intimidou e afirmou que estava aguardando a intimação para falar sobre o abuso que havia sofrido. Brennand respondeu com ofensas, chamando-a de "puta burra, pobre e bandida" e de "lixo humano", incentivando-a a falar sobre todos os detalhes. A troca de mensagens ocorreu durante a madrugada.
Ao registrar a ocorrência na delegacia, Thiago Brennand afirmou que nunca havia tido nenhum contato sexual com a mulher que estava acusando. No entanto, depois modulou seu discurso. No dia seguinte ao registro do boletim de ocorrência, em conversa por telefone com a mulher, Brennand afirmou que o relato dela "já nasce morto" por conta do consentimento no ato sexual, alegando que a mulher apenas não teria concordado com o uso de camisinha. Em tom de deboche, o empresário chamou-a de burra.
Na mesma ligação, a mulher relatou ter saído da casa de Brennand "horrorizada". Em resposta, o empresário afirmou que ela havia voltado outras vezes e que ele até mesmo teria oferecido outros trabalhos para ela.
Posteriormente, Thiago Brennand confirmou ter dado R$ 3 mil à mulher, mas negou que tenha sido um pagamento por sexo. Segundo ele, o dinheiro foi dado como uma forma de ajuda financeira, assim como ele costuma fazer com outras mulheres.
A mulher acusada por Brennand relatou que se sentiu "presa, em cárcere privado" na casa do empresário e teve medo de contrariá-lo devido à coleção de armas que ele ostentava no local. Ela ainda afirmou que deixou claro que não queria ter relações sem o uso de camisinha, mas Brennand não respeitou sua vontade e ignorou seu "não". A mulher também deixou claro que não queria dinheiro, mas isso não mudava o que aconteceu entre eles.
Brennand negou as acusações da mulher e chegou a debochar dela ao afirmar que a pomada que usou seria motivo de risada. Ele ainda questionou a inteligência dos operadores de direito brasileiros e chamou a mulher de "puta golpista". A mulher, por sua vez, relatou ter realizado exames após sua visita a Brennand por medo de ter contraído uma doença sexualmente transmissível e ter se sentido presa em sua casa, com medo de contrariá-lo por causa de sua coleção de armas.