Atleta do Cruzeiro será indiciado por homicídio e lesão corporal

Anselmo Ramon atropelou dois homens e provocou morte de um deles. Inquérito deverá ser concluído até janeiro de 2013, informa delegado

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O jogador do Cruzeiro, Anselmo Ramon, que atropelou dois homens e provocou a morte de um deles no dia 8 de dezembro, será indiciado por homicídio e lesão corporal culposos, quando não há intensão de matar, segundo informou o delegado João Uzzum, da Delegacia de Camaçari, situada na região metropolitana de Salvador. De acordo com a Polícia Civil, o inquérito que investiga o caso deverá ser concluído em janeiro de 2013.

"Acredito que na primeira quinzena de janeiro o inquérito tenha sido concluído. Ele [Anselmo Ramon] vai ser indiciado. Depois o inquérito é relatado e emitido ao Ministério Público, que a partir daí vai instaurar uma ação penal", explicou o delegado. O acidente envolvendo o jogador do Cruzeiro ocorreu na rodovia A10, trecho que liga os municípios de Camaçari e Dias D"Ávila.

No dia 12 de dezembro, o delegado informou que o fato de Anselmo Ramon não ter Carteira Nacional de Habilitação (CNH) pode aumentar a pena para os crimes de homicídio e lesão corporal culposos, caso venha a ser condenado. "O fato de ele não ser habilitado é um agravante. Isso implica aumento em 1/3 até metade da pena cabível aos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor", ressaltou o investigador na ocasião.

Justicativa

Um cachorro na pista foi a versão apresentada no depoimento do jogador do Cruzeiro Anselmo Ramon à polícia de Camaçari para que ele perdesse o controle da direção e atingisse dois ciclistas. Um dos homens morreu na hora. Segundo a polícia, a informação do atleta foi apresentada em depoimento prestado aos delegados João Uzzum e Carlos Portela na noite do dia 13 de dezembro, por volta das 20h. Anselmo Ramon compareceu à delegacia de Camaçari acompanhado de um advogado e escolheu um horário para evitar assédio da imprensa.

"Segundo o jogador, passou um cachorro na frente dele na estrada e, quando ele foi desviar, ele adentrou no mato, perdeu a direção do veículo e bateu em um morro. Ele não teria percebido que atropelou as pessoas porque perdeu momentaneamente os sentidos. Só recobrou quando foram prestados os primeiros socorros e aí tomou conhecimento de que havia atropelado os ciclistas", declarou Uzzum. O investigador ressaltou que as vítimas estavam fora da pista, em uma área de terra, onde foram atingidas.

O jogador afirmou não ter ingerido bebidas alcoólicas no dia do acidente, informou o delegado João Uzzum. "Ele disse que na tarde anterior esteve em um churrasco em Lauro de Freitas [região metropolitana de Salvador], onde teria ingerido bebido alcoólica, cinco cervejas, e depois foi para a localidade de Jauá, onde tem uma casa de praia, com um amigo, onde passaram a noite. Pela manhã, ele foi sozinho para Dias D"Ávila", relatou o delegado.

A polícia já tinha conhecimento de que o jogador não tem carteira de habilitação. Segundo Uzzum, no depoimento, Anselmo afirmou estar sem cinto de segurança e por isso foi projetado para fora do veículo no momento do acidente.

Velocidade excessiva

Um agente da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) foi ouvido na manhã do dia 14 de dezembro pelo delegado João Uzzum. A partir do depoimento, a polícia acredita que o jogador estivesse em alta velocidade. "Pela análise que nós fizemos no local, não há dúvida de que estava em uma velocidade muito elevada. O carro atravessou cerca de 20 metros no mato, derrubou uma árvore, atingiu as vítimas, bateu no morro, capotou e voltou pra posição original. A vítima que faleceu foi arremessada a mais de 20 metros", declarou o delegado.

Segundo ele, o jogador relatou ter passado por um quebra-molas antes de perder o controle. "O cabo da PRE informou que o quebra-molas que existe na rodovia está a mais de 200 metros do local do acidente", disse Uzzum. Dois socorristas do Samu que atenderam as vítimas também foram ouvidos na delegacia de Camaçari, nesta sexta-feira.

Versão de vítima

Uma vítima do acidente foi ouvida na delegacia no dia 11 de dezembro. Segundo o delegado João Uzzum, a vítima disse que estava indo, de bicicleta, pescar com o amigo em uma barragem na região, quando parou no meio do caminho para descansar, na área do acostamento. "Ele [vítima] disse que estava de costas quando foi atingido e arremessado. Ele caiu no mato e disse que não conseguiu se mexer, que não chegou a ver o jogador", explicou o delegado. João Uzzum contou que a vítima informou que acredita que o jogador estava em alta velocidade. "Ele não tem como precisar velocidade. Acredita que estava em alta velocidade em razão do impacto que causou", disse.

Além dele, outras quatro pessoas também prestaram depoimento na terça-feira, na delegacia de Camaçari: a esposa do sobrevivente e um amigo, além da filha e da irmã do rapaz que morreu.

O delegado informou que aguarda o laudo da perícia feita no local do acidente.

Acidente

A equipe que atendeu o acidente disse que o atacante não tinha sinais de embriaguez e que estava lúcido após o atropelamento.

Segundo a PRE, o veículo Chrysler 300 C se chocou contra uma árvore e atingiu os dois homens que estavam próximos ao local. O veículo envolvido no atropelamento foi retirado da rodovia por volta das 17h de sábado, após ser periciado.

Na ocasião, o clube Cruzeiro informou, por meio da assessoria de imprensa, que, por se tratar de um problema particular do jogador, não iria se pronunciar a respeito do acidente e que só concederia algum tipo de apoio ou assessoria jurídica se fosse solicitado pelo atleta.

Ednaldo Souza, uma das vítimas, falou sobre o susto do acidente. "Vi o carro batendo na gente... O carro veio, eu de costas, ele de costas, pegou aqui do lado e sacudiu direto para o mato, pronto, só foi o que eu vi", contou a vítima. Amigos do jogador foram para o local pouco depois do acidente, mas não souberam informar o que aconteceu. "A gente não sabe ainda, só ele para falar, tá um pouco complicado, tá confuso", afirmou uma amiga.

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