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'Atiraram e falaram que não queriam um novo Tim Lopes', conta cinegrafista espancado por traficantes no Rio

Ele contou que foi atacado por cerca de 15 homens armados, que o agrediram no rosto, quebraram dois dentes e roubaram seus equipamentos de trabalho.

O repórter cinematográfico André Muzell, do Canal Factual RJ, foi espancado por criminosos | Foto: Reprodução
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O repórter cinematográfico André Muzell, do Canal Factual RJ, foi espancado por criminosos enquanto trabalhava na cobertura de uma operação policial na Vila Aliança, Zona Oeste do Rio, nesta quinta-feira (4). Ele contou que foi atacado por cerca de 15 homens armados, que o agrediram no rosto, quebraram dois dentes e roubaram seus equipamentos de trabalho.

Atiraram na direção da minha cabeça, mas a arma falhou. Depois falaram que não queriam um novo Tim Lopes — relatou Muzell.

FOI INTERNADO

O cinegrafista foi levado ao Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, onde recebeu atendimento e já teve alta. Ele calcula um prejuízo de aproximadamente R$ 40 mil, já que perdeu câmera, celular, tripé e outros materiais. Sem condições de repor os itens, lançou uma vaquinha virtual para tentar arrecadar recursos.

Segundo o profissional, a violência durou pelo menos 15 minutos.
Eles quebraram meus dois dentes da frente e meu maxilar. Mal consigo falar direito. Foram muitos chutes e socos — disse.

Operação na comunidade

A operação policial na Vila Aliança deixou seis suspeitos mortos. As ações miravam dois chefes do tráfico: Bruno da Silva Loureiro, conhecido como "Coronel", e José Rodrigo Gonçalves Silva, o "Sabão da Vila Aliança", ambos ligados ao Terceiro Comando Puro (TCP) e ainda foragidos.

Durante a ação, criminosos incendiaram ônibus para erguer barricadas, o que levou ao bloqueio de ruas e afetou a rotina de moradores. Houve intenso tiroteio, com uso de helicópteros e equipes do Bope e da Core. Escolas e creches da região registraram crianças deitadas no chão para se proteger, e pais relataram dificuldades para buscar os filhos.

Segundo a Polícia Militar, dois reféns — um pastor e uma criança — foram resgatados em segurança. Além das mortes, a operação resultou em duas prisões e na apreensão de quatro fuzis e pistolas.

Relembre o caso Tim Lopes

O nome do jornalista Tim Lopes foi citado pelos criminosos durante a agressão a Muzell. Tim foi assassinado em 2002, enquanto apurava denúncias sobre tráfico de drogas e exploração de menores em um baile funk na Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio. Ele foi sequestrado, torturado e morto por traficantes, em um caso que teve grande repercussão nacional e resultou na prisão de Elias Maluco, condenado a mais de 28 anos de prisão.

Tim Lopes foi morto em 2002 | Foto: Arquivo

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