Após sofrer abuso sexual na infância, mulher se torna policial e prende próprio agressor

A história de superação foi contada nesta terça-feira (18), por Jessica ao Programa da Tarde, na Rede Meio.

Jessica Martinelli | Foto: Reprodução/Programa da Tarde
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

Jessica Martinelli foi vítima de um crime quando tinha 9 anos. Aos 15, denunciou o abuso sexual, mas encontrou inúmeras dificuldades com cada autoridade que contatou. A história de superação que teve um reviravolta surpreendente foi contada nesta terça-feira (18), por Jessica ao Programa da Tarde, na Rede Meio.

Aos 25 anos, menos de um ano após se tornar policial civil em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, ela conseguiu prender, em 2016, o próprio agressor, um amigo da família. Oito anos depois, aos 33, escreveu um livro, lançado no final do ano passado para contar essa história.

Ela resolveu relatar em "A Calha" o que aconteceu também para trazer conforto a outras pessoas que tenham sofrido crimes semelhantes e que sofreram com a desconfiança e a culpa. Ao Programa da Tarde, ela falou sobre o processo de abusos e como iniciou a falar sobre os traumas. 

"Foi um processo muito dificil, até porque quando eu falava com as colegas de aula, era como forma de desabafo. Cada pessoa tem uma forma de buscar a sua cura. Expor aquilo que tava me machucando era uma forma de amenizar um pouquinho aquela dor que eu tinha. Eu acreditava que meus pais não iam acreditar em mim". 

 No livro de sua autoria, Jéssica narra que os abusos ocorreram quando ela tinha entre 9 e 11 anos e meio e só pararam depois que a amizade entre o agressor e a família dela rompeu. O homem tinha 33 anos quando os crimes começaram.

Ela relata que não sentia uma abertura da própria família para contar a eles o que aconteceu. "Mas eu tinha necessidade de desabafar. Então eu desabafava com amigas do colégio, ou uma vizinha minha".

Uma dessas amigas contou para a mãe, que veio conversar com Jessica e a encorajou a relatar os abusos a alguém mais próximo. "Eu contei para quem eu confiava, que é a minha irmã".

Nessa época, Jessica já estava com 15 anos. No mesmo dia, ela e a irmã foram à delegacia para denunciar o caso. Mas encontraram muitas dificuldades para que as autoridades levassem o caso a sério, segundo ela. "Eu tive que repetir milhares de vezes a mesma coisa, sabe?", lamentou.

PRENDEU SEU AGRESSOR

Ela acredita que tudo o que aconteceu na juventude dela seja um dos motivos que a levou à escolha da profissão. "Eu olhava as fotos das mulheres policiais e eu via uma coisa que eu queria muito ter, que era a força. Essa força, essa coragem".

"Não é que entrei para polícia para prender. Porque eu não ia imaginar que um processo ia levar 10 anos. É que as coisas foram acontecendo. E deixar bem claro que as coisas só foram acontecendo porque eu ia movendo as coisas, senão não ia acontecer".

Jessica trabalha na Polícia Civil há oito anos. Ela entrou para a corporação em 1º de julho de 2016. O agressor foi preso em 22 de dezembro de 2016. Jessica estava com a equipe na hora.

"Quando nós estávamos indo, era como se eu tivesse voltado aos 11 anos de idade. Eu estava dentro da viatura, mas eu tinha um misto de coragem: 'Eu sou uma policial, eu vim prender o cara que fez tudo que fez comigo'. E, ao mesmo tempo, dava aquela tremedeira, muita ansiedade, medo. Sei lá, medo de ele fazer alguma coisa para mim".

"Os meus colegas o revistaram, mas fui eu que bati a porta da cela. E a sensação realmente de encerramento de um ciclo de 10 anos. Um ciclo muito doloroso, que nenhuma vítima deveria ter que passar", resumiu.

Carregue mais
Veja Também
Tópicos
SEÇÕES