Após ficar 16 dias preso, o ator Vinícius Romão deixou a penitenciária Patrícia Acioli, em São Gonçalo, nesta quarta-feira (26). Romão foi detido após ser reconhecido por uma mulher como um assaltante. Depois de ser liberado, o ator disse que perdoa a mulher.
? Eu perdoo ela. Aconteceu um erro. Ela devia estar nervosa e acusou o cara errado.
Fora da prisão, Romão comentou a precariedade da unidade onde ficou detido por duas semanas.
? Tem muitos Vinicius lá dentro. Tem muita gente que cometeu crimes banais e estão lá sem tomar banho de sol, sem falar com a família, e essas pessoas me acolheram quando cheguei.
Desde o início da manhã, amigos do ator se reuniram na frente do presídio para protestar contra a prisão de Romão, que teria sido arbitrária.
O ator foi preso há cerca de 15 dias, quando uma mulher o reconheceu como o rapaz que a teria assaltado pouco antes. Na terça-feira (25), porém, a vítima do assalto prestou novo depoimento e alegou que se confundiu ao denunciar o rapaz. A Justiça decretou a liberdade provisória dele ainda na terça, mas trâmites burocráticos adiaram a saída do jovem do presídio.
O delegado de plantão no dia da prisão não teria seguido as normas do código de processo penal, que determina que o reconhecimento de um suspeito deve ser feito com outras pessoas com características semelhantes, lado a lado.
Em entrevista à Rede Record, o delegado-titular da Delegacia do Engenho Novo (25ª DP) acha que não houve erro ou ?má-fé? do delegado de plantão, já que havia a denúncia da vítima e de uma testemunha, um policial militar, de que Romão tinha sido o autor do roubo.
Entenda o caso
Romão foi detido na rua no último dia 10 ao voltar do Norte Shopping, onde trabalha como vendedor. De acordo com os amigos e com o pai do jovem, ele foi confundido com um assaltante por ter características físicas (negro e com cabelo black power) semelhantes ao do suspeito. A vítima, uma funcionária do Hospital Pasteur, teria reconhecido o ator como o criminoso, apesar de a bolsa dela não ter sido encontrada com Romão.
O pai dele, o tenente-coronel da reserva do Exército Jair Romão, de 64 anos, criticou a atuação da polícia. Ele tentava há dias visitar o filho na prisão.
? Meu filho foi completamente injustiçado, principalmente pelos policiais, que não apuraram nada. Só chegaram para a moça assaltada e disseram: "Foi ele, não foi?" Ela acabou confirmando. Era apenas a palavra dela.
Campanha no Facebook
Jair contou que, depois da novela Lado a Lado, da Rede Globo, o filho passou a trabalhar como vendedor no Norte Shopping. Ele saiu da loja Toulon depois das 22h, na segunda-feira, dia 10, e caminhava para casa, a cerca de 20 minutos dali. Quando estava sobre o viaduto de Todos os Santos, foi abordado por PMs, que ordenaram que ele deitasse no chão.
Nas redes sociais, amigos trocaram suas fotos de perfil pela de Vinícius. "Em pleno País da Copa do Mundo, preconceito racial é inaceitável. Meu amigo está preso por possuir a cor da pele semelhante à de um assaltante. Vinícius Romão, estamos todos com você", escreveu Monique Pereira.
O advogado Rubens Nogueira de Abreu, que defende Vinícius, requisitou que as imagens de prédios vizinhos ao hospital sejam analisadas.
? Testemunhas disseram que o assaltante era um cracudo [viciado em crack], sem camisa, que carregava um saco. O que aconteceu foi uma barbaridade, um reconhecimento absolutamente inoportuno, com a vítima sob forte emoção. Com certeza, a prisão do Vinícius foi motivada por preconceito.