A mãe de um bebê encontrado em novembro em uma caixa de leite no Setor Sul, em Goiânia, foi a um churrasco logo após abandonar o filho, segundo a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Renata Vieira. Para ir ao evento, a jovem de 21 anos mandou uma mensagem para o namorado, pai da criança, buscá-la em frente a uma farmácia, como se nada tivesse acontecido. "Ele a pegou e depois (os dois) foram para uma confraternização na casa de parentes", disse Renata.
Ao prestar depoimento na delegacia, o pai do recém-nascido alegou que sabia que a namorada tinha ficado grávida. No entanto, ela o informou que havia perdido o bebê.
O inquérito policial deve ser concluído esta semana. Para isso, a polícia ainda precisa interrogar a mulher que encontrou a criança.
A delegada Renata deve indiciar a mãe biológica pelo crime de "abandono de recém-nascido para ocultação de desonra própria". Se for condenada, a mulher pode pegar até dois anos de prisão.
Questionada se também irá indiciar o pai do recém-nascido, a delegada informou que não conseguiu reunir provas suficientes para fazer isso.
Guarda
A delegada explicou que a avó materna do menino também já depôs e quer entrar na Justiça para pedir a guarda do neto.
Achado no fim da manhã do dia 8 de novembro, um domingo, o bebê ficou internado por três dias no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. Ele recebeu alta médica na quarta-feira (11) e foi levado para o Condomínio Sol Nascente, onde espera um parecer do Juizado da Infância e da Juventude da cidade para saber se será devolvido à família ou colocado para adoção.
"Me arrependi"
A mãe do recém-nascido prestou depoimento à polícia no dia 9 de novembro. Ela alegou que escondeu gravidez e está arrependida de ter abandonado o filho. "Me arrependi totalmente. Nada justifica o que eu fiz".
A mulher conta que escondeu a gravidez da família e do namorado. Para disfarçar a gestação, a jovem usava roupas largas e dizia que havia engordado. "O pai não tem nem noção do que está acontecendo. Para ele, o bebê estava morto. Minha família não aceitaria uma pessoa de 21 anos ter um filho", afirmou.
A mãe alegou ainda que, como o menino nasceu 16 dias antes do previsto, não teve tempo de pensar no que faria com ele, se o entregava para adoção ou não. "Entrei em trabalho de parto e, em algumas horas, o bebê estava nos meus braços. Não tive tempo de correr ao Conselho Tutelar nem nada."