Terminou às 16h desta sexta-feira (22) a rebelião que envolveu 90 presos na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. As duas pessoas que eram mantidas reféns desde as 9h desta quinta-feira (21) deixaram o presídio poucos minutos depois das 16h. A professora e o agente penitenciário passam por atendimento médico. Os presos aceitaram o acordo proposto por um gabinete de crise, com autoridades policiais e do governo, em uma reunião que foi realizada na tarde desta sexta.
De acordo com a Secretaria de Defesa Social, um dos itens do acordo foi a garantia da integridade física dos rebelados. A secretaria ainda informou que o diretor da penitenciária não será afastado. Esta era uma das exigências da rebelião. Apesar de não ter sido atendida, a Corregedoria garantiu que vai apurar as denúncias de espancamento feita pelos detentos que participaram do motim.
"A direção não foi mudada. Continua a mesma. Será feita uma correição na unidade prisional, para ver se, realmente, o que eles [presos] colocaram como demandas são verdadeiras ou não. Isso foi um dos compromissos que a gente assumiu", afirmou o subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade de Oliveira.
O comitê ainda acordou que nenhum dos rebelados será transferido da unidade. Outro pronto de reivindicação dos detentos, que era sobre a visita de mulheres grávidas foi atendido. Agora, elas voltam a fazer a visita convencional, sem a presença de um agente penitenciário. Antes da rebelião, como as grávidas não podem ser submetidas ao raio-x na revista, elas eram direcionadas a uma sala reservada, e a visita acontecia na presença de um agente.
O subsecretário informou, ainda, que a previsão para o fim da apuração das denúncias apontadas pelos rebelados é de 30 dias. Porém, o prazo pode ser prorrogado, segundo Oliveira.
Murilo Andrade de Oliveira falou também que a reforma nos pavilhões danificados começa neste sábado (23). Ele não soube dizer o valor do prejuízo. Enquanto os danos são reparados, os 103 presos do pavilhão 1 vão ser tranferidos para o pavilhão 2, que fica ao lado. A visita para os presos está mantida normalmente para este fim de semana.
O comandante do policiamento especializado da Polícia Militar, coronel Antônio Carvalho, disse que o que se acreditou em algum momento ser uma arma em poder dos rebelados era, na verdade, uma réplica de um revólver feita com uma marmita. Uma revista é feita nos pertences de todos os detentos do pavilhão 1. Ele ainda falou que mil policiais militares participaram da ação da polícia durante a rebelião.
Os 103 presos que estão no pavilhão 1, onde aconteceu a rebelião, ficaram sem luz e sem o fornecimento de alimentos desde esta quinta-feira (21), quando começou o motim, inclusive os dois reféns. O Complexo Penitenciário Nelson Hungira tem capacidade para 1.664 presos, e abriga, atualmente, 1.970, segundo a Suapi. A rebelião foi liderada por Daniel Cipriano, de 29 anos. Ele tem seis condenações, sendo cinco por roubo e uma por homicídio, e cumpre pena na unidade desde agosto de 2011.
Questionado sobre as punições para os rebelados, o subsecretário disse que vai haver um procedimento administrativo coordenado pela corregedoria. "[A punição] vai ser de acordo com a participação no ato (...) Será feito um procedimento administrativo para apurar a participação deles na rebelião (...) É prematuro a gente falar a punição de qualquer pessoa".