Após 21 dias preso por engano, o operário Jaime Augusto Bastos se emocionou ao rever a família. Para ele, nunca foi tão bom voltar para casa. ?Tenho filho, mulher, mãe, família e amigos. Quero agradecer muito a todos que acreditaram em mim?, disse.
Jaime deixou a carceragem na Baixada Fluminense, por uma decisão da Justiça na noite de terça-feira (25). Ele foi preso no lugar do irmão José Augusto.
A mulher dele, Andrea Bastos, tinha um motivo a mais pra comemorar. Os dois vão festejar juntos os 14 anos de casamento.
?O dia do nosso aniversário de casamento foi recentemente, no dia 19 de agosto, quando ele estava preso?, conta.
Documentos de Jaime
A confusão começou em 2007. O irmão mais velho de Jaime, José Augusto, foi preso em Santa Catarina por roubo, mas ao entrar na cadeia ele se apresentou com os documentos de Jaime.
No fim do ano passado, José Augusto fugiu. Mas, como ao ser preso se passou pelo irmão. Jaime é quem foi considerado foragido. No início deste mês, o operário acabou preso quando passava por uma blitz.
Na terça-feira, ao decidir libertá-lo, a juíza de Santa Catarina levou em consideração duas informações exibidas em reportagens da TV Globo, na última sexta-feira (21).
Tatuagem e cicatrizes
O verdadeiro criminoso tinha tatuagens e cicatrizes, ao contrário de Jaime. Documentos do presídio mostram que, no dia da prisão, José começou a assinar o nome verdadeiro e, depois, se corrigiu, assinando como se fosse o irmão.
O diretor do presídio, ouvido pela Justiça, também descartou a possibilidade de Jaime ser o homem que fugiu da prisão.
Mesmo em liberdade, Jaime ainda responde pelo crime, mas a Defensoria Pública do Rio informou que já está reunindo toda a documentação para que o processo contra ele seja corrigido, e assim ele possa ficar livre da acusação.
?Aqui nós vamos identificar e colocar todos os dados dele para que haja uma retificação lá. Já nos comprometemos com a juíza de lá de mandar todos os documentos para terminar logo isso e cumprir o que tem que cumprir quanto à execução penal em relação ao suposto autor do crime?, declara o defensor público Dênis Sampaio.
Segundo a Justiça, será aberta uma nova investigação para apurar a troca de identidades. E nos próximos dias, deve ser decretada a prisão de José Augusto, o irmão que cometeu o crime.
?Espero que a Justiça seja feita de uma forma concreta. Espero que a juíza de Santa Catarina veja as reportagens, veja que realmente a pessoa que está aqui é trabalhadora, chefe de família. Eu corro atrás dos meus direitos e dos meus deveres. Então, quero limpar o meu nome de uma vez por todas?, disse o operário.