Bandido mais procurado do Rio até ser preso, em novembro de 2011, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, tem vasta ficha policial. Só nas varas criminais do Rio, responde a mais de dez processos. Numa tentativa de diminuir a pena, o advogado dele tenta, na Justiça, juntar sete dos processos em apenas um.
Para advogados criminalistas, a manobra tem o objetivo de enquadrar os delitos de Nem no crime continuado, no qual o réu é condenado só à maior pena.
? É a hipótese que faz mais sentido ? disse o criminalista Georges Akras.
O advogado de Nem, Jaime Ângelo Nonato Fusco, não negou que sua intenção seja essa, mas concentra seus esforços agora para conseguir juntar os processos ? o reconhecimento da chamada conexão probatória.
Com a junção das ações, o tempo de permanência de Nem na cadeia pode diminuir em até seis vezes. As penas dos crimes dos sete processos podem chegar a mais de 150 anos de prisão. Já com a junção, ficaria em apenas 25 anos.
Justiça nega, mas defesa não desiste
Segundo Jaime Ângelo Nonato Fusco, nos sete processos que tenta juntar Nem foi investigado mais de uma vez pelos mesmos crimes e na mesma delegacia. Num dos processos, inclusive, o ex-chefão da Rocinha teria sido incluído porque estava à frente também da facção que dominava outras comunidades da cidade, além da favela de São Conrado.
? A maioria das ações gira em torno do fato de que ele era apontado como chefe da facção. Elas são decorrentes umas das outras ? disse.
No último dia 21, a juíza Tania Sardinha Nascimento, da 25 Vara Criminal da capital, negou o pedido da defesa de Nem de juntar todos os processos. Em sua decisão, ela alegou que as condutas criminosas do traficante foram realizadas em diferentes períodos e locais. Além disso, destacou que os crimes foram cometidos em associa-ção com bandidos diversos.
Mesmo após a decisão, a defesa do traficante não desistiu. Mas não quis revelar para qual recurso vai apelar.
? Ainda não definimos ? disse Fusco.