Advogado de brasileiro condenado à morte tenta o seu último recurso

o governo indonésio informou oficialmente Gularte que seu fuzilamento poderá acontecer amanhã

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O advogado do paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, condenado à morte por tráfico de drogas na Indonésia, entra nesta segunda-feira (27) com um novo recurso para tentar reverter a execução. No sábado (25), o governo indonésio informou oficialmente Gularte que seu fuzilamento poderá acontecer amanhã.

A lei da Indonésia estabelece que os condenados sejam avisados da execução com 72 horas de antecedência. Além de Gularte, outras sete pessoas no corredor da morte, dois australianos, quatro africanos e um filipino, devem ser fuzilados amanhã.

O francês Serge Atlaoui, de 51 anos, estava nessa lista, mas foi retirado no sábado. A embaixada francesa em Jacarta foi informada pelo Ministério Público indonésio que Atlaoui não faria parte da próxima onda de execuções. Nas últimas semanas, Paris acentuou a pressão sobre o governo indonésio, com participação direta da cúpula do governo, incluindo o presidente François Hollande e o primeiro-ministro Manuel Valls.

Cocaína em pranchas de surfe

Gularte, de 42 anos, foi condenado à pena de morte em 2005, depois de ser preso em 2004 ao tentar entrar na Indonésia com 6kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe. A defesa tentou reverter a pena depois que o brasileiro foi diagnosticado com esquizofrenia por duas vezes em 2014.

Em entrevista à mídia brasileira, o advogado de Gularte, Ricky Gunawan, disse que o brasileiro oscila entre momentos de lucidez e delírio. O condenado estaria convencido de que a pena de morte foi abolida e que sua execução não aconteceria.

Gularte será o segundo brasileiro fuzilado na Indonésia. O carioca Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi executado em janeiro, também condenado por tráfico de drogas.

Pressão internacional

Os apelos das famílias e a pressão de autoridades diplomáticas se multiplicam nesta segunda-feira para tentar poupar a vida das oito pessoas no corredor da morte. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também pediu que a Indonésia desista das execuções.

O presidente Hollande e o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, se encontraram hoje em Paris. Depois da reunião, eles emitiram um comunicado conjunto lembrando que a França e a Austrália "condenam a pena de morte em todos os lugares e todas as circunstâncias".

Além de Gularte, outros sete estrangeiros foram notificados que seriam fuzilados.

Myuran Sukumaran, australiano, 34 anos

Líder de uma rede de traficantes chamada de "Os nove de Bali", Sukumaran foi preso em 2005 durante uma entrega de heroína da ilha de Bali para a Austrália.

Andrew Chan, australiano, 31 anos

Chan também era integrante da "Os nove de Bali". Preso em 2005, ele se tornou um cristão engajado e foi ordenado pastor em fevereiro, depois de ter estudado teologia durante seis anos.

Mary Jane Veloso, filipina, 30 anos

De uma família pobre das Filipinas, a empregada doméstica foi presa em 2009 com 2,6 kg de heroína. Mãe solteiras de dois filhos, ela alega ter se mudado para a Indonésia em busca de trabalho e ter sido enganada por uma organização internacional de tráfico de drogas.

Sylvester Obiekwe Nwolise, nigeriano, 49 anos

Preso em 2002 no aeroporto internacional de Jakarta com 1,18 kg de heroína.

Okwudili Oyatanze, nigeriano, 45 anos

Como Nwolise, o nigeriano foi preso no aeroporto internacional de Jakarta e condenado por tráfico de heroína.

Raheem Agbaje Salami, nigeriano, 42 anos

Ele foi preso em 1998 com cinco kg de heroína em uma mala no aeroporto de Surubaya, segunda maior cidade da Indonésia.

Martin Anderson, nigeriano, 50 anos

Condenado em 2003 por tráfico de drogas. De acordo com a Indonésia, ele é nigeriano, mas o governo da Nigéria alega que Anderson é de Gana.

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