Após ser interrogado pelo promotor Henry Vasconcelos por quase uma hora e responder às breves perguntas do assistente de acusação José Arteiro, o detento Jaílson Oliveira, que foi vizinho de cela de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, começa a ser questionado pelo advogado Ércio Quaresma no Fórum de Contagem, na Grande BH.
Quaresma pede para a testemunha explicar o que é o ?seguro? na cadeia. Jaílson conta que ?seguro? é o lugar para onde são levados os presos que delatam outros detentos. O defensor de Bola retruca e diz que é lá onde ficam, por exemplo, os presos condenados por estupro, e que no local fica ?o lixo da sociedade?. Ele pergunta se Jaílson concorda e ouve a resposta do detento:
? Eu não posso falar pela sociedade.
O advogado pergunta a Jaílson sobre o tempo que ele já cumpriu na prisão, os crimes que cometeu e sua condenação total. O detento afirma que está preso há 17 anos e que cumpre pena por latrocínio. Quaresma sugere que ele também foi condenado por falsificação de documentos, o que Jaílson nega.
Denúncias
A testemunha contou que já denunciou planos de morte de agentes, de execução de detentos articulados por agentes, e ainda o tenente-coronel Alvenir, que era diretor da penitenciária, por superfaturamento e vendas de fuga.
Jailson relatou também que denunciou três policiais que o teriam torturado em 1996. Os policiais, identificados apenas como ?Ivo, Celso e José Luiz?, teriam quebrado o braço e o pé da testemunha.
Ao ouvir o depoimento do detento, Quaresma diz que Jaílson é um ?delinquente, marginal e mentiroso?. A juíza pede ao advogado, que se refere ao depoente de forma irônica usando termos como ?doutor? e ?vossa excelência?, que trate a testemunha com dignidade.