Luiz Flávio D"Urso, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo e advogado contratado pela família de Marcos Matsunaga para acompanhar o inquérito que investiga a morte do executivo da Yoki, disse que vai entrar nesta quarta-feira (13) com um pedido de exame de paternidade da filha de Elize Matsunaga.
D"Urso, no entanto, negou que a família tenha desconfiança de quem seja o pai da menina. "Considerando que o caso trouxe uma série de surpresas desagradáveis, levando-se em conta a tragédia de um homicídio da forma que ocorreu, com um esquartejamento, como estamos dentro de uma situação bárbara sob todos os aspectos, creio que tudo o que diz respeito ao Marcos e à Elize merece ser investigado, inclusive a filha do casal", justificou D"Urso.
Para o advogado, mais pessoas precisam ser ouvidas no inquérito que investiga o crime. "Ele ficou 12 horas rodando com o veículo com partes do corpo do Marcos dentro. Ela não abasteceu (o carro)? Onde foi que abasteceu? Tem de ouvir o frentista do posto. Tem de ouvir o policial que a parou. A família quer que tudo seja investigado, que tudo seja apurado", completou, referindo-se ao fato de Elize ter sido parada em uma rodovia paulista por policiais no dia 20 de maio, quando descartou os sacos com as partes do marido que havia esquartejado em mata próxima à estrada de Cotia, na Grande São Paulo.
Acompanhante
A equipe de reportagem do Jornal Nacional teve acesso ao depoimento da mulher que esteve com o executivo na véspera do assassinato dele e que teria motivado a briga entre o empresário e Elize Matsunaga. A Justiça de São Paulo negou nesta terça-feira (12) o pedido de liberdade da viúva e assassina confessa do empresário.
No depoimento de quatro páginas, a suposta amante diz que o primeiro encontro com Marcos aconteceu em 13 de fevereiro e que se encontrava com ele duas vezes por semana. Pelos serviços de acompanhante, ela recebia R$ 4 mil por mês
A mulher disse à polícia que viajou com Marcos para a cidade de Marília, no interior de São Paulo, para conhecer a fábrica da Yoki. E foi apresentada como compradora de amendoim. Em uma outra viagem, foram para Montevidéu, no Uruguai. Segundo a moça, Marcos dizia que seu casamento não estava bom, que brigava bastante.
Ainda segundo ela, ele mostrou arranhões no braço e disse que tinha sido agredido por Elize, em uma das brigas do casal. Marcos teria comentado que queria se separar.
A mulher disse que o executivo fez um acordo: se ela tirasse as fotos do site de acompanhantes, ele pagaria R$ 27 mil por mês a ela. O primeiro pagamento, segundo ela, foi no dia 4 de maio.
Segundo o depoimento, entre os dias 20 e 30 do mês passado, ela relatou que Marcos não fez contato. O executivo havia sido morto na noite do dia 19 de maio.
Nesta terça-feira, a Justiça negou o pedido de suspensão da prisão temporária feito pelos advogados de Elize Matsunaga. Segundo o juiz, ela confessou o crime e deve continuar presa pelo menos até que as investigações sejam concluídas.
Em seu despacho, o juiz Théo Assuar Gragnano, o mesmo que decretou a prisão temporária de Elize em 4 de junho, negou a solicitação do advogado de Elize, Luciano Santoro.
"Não se pode, à míngua de qualquer elemento probatório, presumir que a autoridade policial esteja protelando desnecessariamente a conclusão das investigações (...) Com essas considerações, não demonstrada a alegada ausência de diligências pendentes de realização, indefiro o pedido de revogação da prisão temporária", escreveu o juiz Gragnano em sua decisão.
A defesa queria a revogação da prisão por entender que ela é "ilegítima", já que a Polícia Civil informou que o caso está encerrado, restando apenas os resultados dos laudos periciais. O advogado de Elize, Luciano Santoro, disse que ainda não decidiu se vai apresentar um novo pedido de habeas corpus nos próximos dias. "Creio que vamos esperar o inquérito ser relatado e a Justiça se pronunciar sobre algum possível pedido de prisão preventiva para decidir sobre que medida tomar", disse.