O adolescente de 14 anos apreendido por assassinar os pais e o irmão de três anos, em Itaperuna, no Noroeste Fluminense, planejava fugir para Mato Grosso após o crime. Segundo a Polícia Civil, ele já tinha uma mochila pronta para viajar até a cidade de Água Boa, onde pretendia encontrar uma adolescente de 15 anos, com quem mantinha um relacionamento virtual.
Dentro da mochila, os policiais encontraram os celulares das vítimas. A investigação revelou ainda que o jovem havia procurado por vagas de emprego na mesma cidade da namorada, e até no mesmo local onde ela trabalha.
O triplo homicídio ocorreu no sábado (21), e o adolescente foi apreendido na quarta-feira (25). Durante o depoimento, confessou o crime. A garota com quem ele se relacionava foi identificada e ouvida pela polícia de Mato Grosso, acompanhada da mãe.
A polícia também descobriu que o jovem pesquisou na internet como sacar o FGTS de pessoas falecidas. O pai dele tinha R$ 33 mil no fundo, valor que o adolescente planejava utilizar para custear a fuga.
A Justiça determinou a internação provisória do adolescente por 45 dias. O caso corre sob sigilo, por envolver menor de idade, e o Tribunal de Justiça informou que não irá se manifestar.
A Polícia Civil solicitou perícia nos celulares do jovem e da adolescente, e investiga a possibilidade de participação de cúmplices ou coautores.
Pai era CAC e ensinava o filho a atirar
A arma usada no crime estava registrada no nome do pai, que era CAC (Colecionador, Atirador e Caçador). De acordo com a polícia, o adolescente esperou que os pais estivessem dormindo, pegou a arma e atirou na cabeça dos dois, além de atingir o irmão no pescoço.
O pai também praticava artes marciais, como jiu-jitsu e judô, era faixa preta e treinava o filho tanto na luta quanto no manuseio de armas. Embora esses fatores estejam sendo analisados, a polícia também considera hipóteses como distúrbios emocionais e abandono afetivo.
"Sabemos que o pai era CAC, ensinava o filho a atirar, praticava jiu-jitsu e judô. O garoto também treinava. Estamos investigando todas essas possibilidades, mas isso não significa que tenha sido determinante", afirmou o delegado Carlos Augusto Aguiar, titular da 143ª DP (Itaperuna).
Tentativa de enganar a família
Após cometer o crime, o adolescente tentou enganar parentes e vizinhos, alegando que o irmão havia se engasgado com um caco de vidro e que os pais o levaram ao hospital. No entanto, nenhuma unidade de saúde registrou atendimento da família, o que levantou suspeitas.
Diante da pressão dos familiares, o garoto acabou confessando o crime a um tio, que acionou a polícia.
A investigação segue duas possíveis motivações: a proibição, por parte dos pais, do relacionamento virtual com a adolescente de Mato Grosso, e o interesse do jovem em ficar com o dinheiro do FGTS do pai.