Um adolescente de 17 anos foi apreendido suspeito de estuprar os cinco irmãos menores, com idades entre 5 e 14 anos, em Piracanjuba, no sul de Goiás. Segundo a Polícia Civil, exames de corpo de delito comprovaram os atos infracionais, que eram praticados com o consentimento do pai, de 59 anos, e da mãe, de 33. O casal também foi preso.
As vítimas são quatro meninos de 7, 10, 12 e 14 anos, e um menina, de 5. De acordo com a investigação, os abusos começaram há dez anos, com o garoto de 14 anos.
A apreensão do suspeito ocorreu no sábado (11). Segundo o delegado Vicente de Paulo Silva e Oliveira, responsável pelo caso, o adolescente foi detido em flagrante, pois, dois dias antes, ele havia abusado dos irmãos. O menor e os pais confessaram os atos à polícia.
O adolescente começou a ser investigado há cerca de um ano, mas por outros delitos. "Ele já tinha passagem por tráfico de drogas e há um ano começamos apurar também o envolvimento dele com furtos na região", disse o delegado.
Durante essa apuração, a polícia recebeu a denúncia de que ele também estuprava os irmãos. Por isso, há 15 dias, uma equipe do Conselho Tutelar foi designada para acompanhar sigilosamente a família. Nesse período, o delegado conta que não só comprovou os atos sexuais, como se certificou da omissão dos pais.
"A conselheira, junto com a mãe, levou a criança menor, de 5 anos, a um médico legista. Lá, ele comprovou que a menina havia sido violentada. Mesmo assim, a mãe não esboçou nenhuma reação, agiu como se não tivesse ocorrido nada. Nem pensou em procurar a polícia. Desde então, confirmamos que ela e o esposo consentiam com os abusos", explica.
Medo
O delegado contou que todas as crianças confirmaram os abusos em depoimento. Segundo elas, um "enorme temor" as impedia de denunciar o irmão. As vítimas ainda disseram à polícia que os estupros ocorriam no quarto dos pais, quando elas voltavam da escola.
O pai e a mãe são considerados desocupados pela polícia. O homem atua informalmente em um ferro velho e ela como dona de casa. Para a prática dos estupros, revela Oliveira, ambos deixavam o imóvel e iam caminhar nos arredores da residência. "Os pais não explicaram o porquê dessa atitude. Na verdade, eu acho que eles têm medo do filho", conta o delegado.
Em quatro anos respondendo pela delegacia de Piracanjuba, o delegado diz que jamais presenciou uma situação tão absurda. "Nunca vi nada parecido, é algo surreal. Fiquei estarrecido, pois o menor não demonstra nenhum arrependimento ou amor pelos irmãos", diz.
Os pais estão presos na cadeia municipal. Eles foram autuados pelo crime de estupro de vulnerável na forma de omissão imprópria e podem pegar até 30 anos, caso sejam condenados. Já o menor está detido no mesmo local em uma cela separada, à espera de vaga em um centro de internação. Ele vai responder pelo ato infracional análogo ao crime de estupro de vulnerável.
As crianças foram levadas um abrigo e estão sob a responsabilidade do Conselho Tutelar.