Três dos cinco acusados de atear fogo a dois moradores de rua no Distrito Federal em 2012 foram reinterrogados na manhã desta quarta-feira (27), segundo dia de julgamento do caso pelo Tribunal do Júri de Santa Maria. Uma das vítimas morreu após o ataque; a outra teve 25% do corpo queimados. O principal acusado pelo crime, Daniel de Abreu Lima, admitiu ter ordenado o ataque, mas negou que a intenção fosse matar os sem-teto.
O crime ocorreu em Santa Maria, região do Distrito Federal a 26 quilômetros de Brasília, no dia 25 de fevereiro de 2012. As vítimas, José Edson Miclos de Freitas, que morreu, e Paulo César Maia, viviam nas ruas havia anos e se abrigavam sob as árvores para dormir.
O homem apontado pelo Ministério Público como mandante do crime, um comerciante da região, disse nesta quarta que não tinha intenção de matar as vítimas e que o objetivo era tocar fogo nas coisas dos moradores de rua para que eles fossem embora.
?Quis fazer o que já tinha visto a polícia fazer: juntar as coisas e tocar fogo. Frisei antes para que eles não fizessem isso se tivesse gente?, disse o homem.
Segundo a denúncia, incomodado com a presença dos moradores de rua nas proximidades da loja dele, Lima ofereceu a quantia de R$ 100 ?a quem o ajudasse a espantar os moradores de rua do local?.
Ainda conforme a acusação, um deles derramou gasolina na parte de trás de um sofá onde uma das vítimas estava deitada e, em seguida, ateado fogo. As vítimas apagaram o o fogo do sofá com a ajuda de populares e voltaram ao local para dormir.
Mais tarde, um dos acusados derramou gasolina, dessa vez sobre as vítimas, e jogado um palito de fósforo aceso na direção delas, diz o MP.
Para o Ministério Público, ?o crime foi cometido mediante promessa de recompensa, emprego de fogo e utilizando-se de recurso que dificultou a defesa das vitimas que foram abordadas de surpresa quando se encontravam deitadas, dormindo e sem qualquer possibilidade de reação.?
Primeiro dia
Durante o primeiro dia de julgamento, que ocorreu nesta terça, a defesa alegou que os homens não tiveram a intenção de matar, mas de assustar os moradores de rua. Além dos cinco réus, Paulo César Maia, que sobreviveu ao ataque, e nove testemunhas foram ouvidos.
O julgamento estava agendado para o dia 24 de janeiro, mas foi adiado após o advogado de um dos réus pedir o desmembramento dos casos.