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Vídeo mostra Ana Azevedo ensinando blogueira Lalazinha a atirar em via pública: “É só apertar”

As imagens ajudam a investigação a provar o envolvimento das duas com práticas criminosas investigadas na Operação Faixa Rosa, deflagrada pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO)

Lalazinha, de 19 anos, aparece no vídeo atirando para o alto na companhia de Ana Azevedo | Foto: Divulgação - Polícia Civil
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Um vídeo divulgado nesta sexta-feira (4) pela Polícia Civil do Piauí mostra a influenciadora Ana Azevedo orientando a também blogueira Lalazinha, de 19 anos, a manusear uma arma de fogo enquanto pilota uma motocicleta em via pública. 

As imagens ajudam a investigação a provar o envolvimento das duas com práticas criminosas investigadas na Operação Faixa Rosa, deflagrada pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) no dia 30 de abril.

VÍDEO

Nas imagens, Lalazinha aponta a arma para o alto e tenta disparar enquanto pilota uma motocicleta. “Não saiu não”, reclama. Em outro trecho, a jovem tenta atirar novamente, mas diz: “Tá travado, doido”. 

Enquanto isso, Ana Azevedo, que está na garupa, incentiva: “Ei, 'bicha', é só apertar com força”. Após o disparo, Lalazinha cambaleia com o recuo da arma, e Ana reage rindo: “Eita, bora, Lala!”

O vídeo, que circulava nas redes sociais antes de ser incluído nas investigações, é apontado pelos investigadores como uma demonstração da tentativa de “doutrinação” e incentivo ao armamento entre jovens mulheres que se aproximam do grupo criminoso.

Mulheres tinham metas dentro da facção

De acordo com o DRACO, Ana Azevedo é uma das 19 pessoas indiciadas na Faixa Rosa, operação que desmantelou um núcleo feminino ligado a uma facção de abrangência nacional. Desse total, 18 mulheres tiveram prisão preventiva decretada. As investigações mostram que elas exibiam armas nas redes sociais, promoviam o tráfico de drogas e incentivavam condutas violentas contra rivais, chamados nos áudios interceptados de “alemão”.

Uma das conversas revela a cobrança por execuções dentro do grupo

“Bora caçar a meta de todo mundo matar alemão. Toda vez um fufu pra nossa organização resolver… nossa organização não é só de fufu não”, diz uma das vozes.

Outro trecho revela que a facção possuía um estatuto interno, e que os membros passavam por uma espécie de sistema de advertência com “graus” antes de punições mais severas.

“Já foi um grau, dois de grau, três de grau, essa já é quarto grau, mano.”

Influência digital a serviço do crime

Ana Azevedo, que tinha milhares de seguidores, chegou a se defender em um dos áudios coletados pelos investigadores, afirmando que, como blogueira, precisava se posicionar publicamente:

“Nós que somos blogueiras, algumas vezes é necessário postar algumas coisas”, disse.

Outras integrantes citam que as novas recrutas estavam “no estudinho ainda” e deveriam aprender com as mais antigas. “Aprendendo a ética do crime com nós… elas entraram agora, não sabem muito.”

A investigação também revelou que as mulheres compartilhavam endereços e descrições detalhadas de possíveis alvos, indicando planejamento para execuções. Em um dos trechos, Eryka Carollyne comenta:

“Aí, só na maldade ele botou o endereço, ainda mostrou o jeito da casa aí, é mamão com açúcar pra derrubar todos os três.”

Fichas de cadastro para membros

A operação descobriu ainda que o grupo mantinha cadastros com dados pessoais de integrantes, como nome completo, apelido, data de entrada e comunidade onde atuavam. O preenchimento só era feito após o aceite do estatuto.

“Influenciadoras com grande alcance digital vêm utilizando as plataformas como vitrines do crime, promovendo uma estética violenta, banalizando a criminalidade e incentivando a adesão de jovens ao tráfico de drogas”, alertou o delegado Charles Pessoa, coordenador do DRACO.

O caso segue sob investigação da Polícia Civil do Piauí e já foi encaminhado para análise do Ministério Público e da Vara de Entorpecentes de Teresina.

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