A tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros vai afetar diretamente o preço das frutas no país. O alerta foi feito pelo empresário piauiense Gilmar Mello, proprietário da Amazon Produce Network, maior importadora de mangas norte-americana. Com informações da Exame.com.
“Não há lógica em proteger um mercado onde o produto não é sequer produzido. A tarifa é paga diretamente ao governo [dos EUA], enquanto o consumidor americano pagará mais pela manga”, disse em entrevista à revista.
Brasil deve perder até US$ 100 milhões
De acordo com cálculos do executivo, o impacto da sobretaxa poderá gerar perdas de US$ 80 a US$ 100 milhões nas exportações brasileiras. Em 2024, o Brasil exportou 36 mil toneladas de manga para os EUA, com receita de US$ 45,8 milhões, segundo dados da Associação Brasileira de Frutas (Abrafrutas). Para 2025, a previsão é de 48 mil toneladas enviadas ao mercado norte-americano.
Mello destacou que a medida é ainda mais preocupante porque o Brasil ocupa uma janela estratégica na exportação. Entre setembro e novembro, quando a safra mexicana se encerra, o país se torna o principal fornecedor da fruta.
“Quando a safra mexicana vai chegando ao ponto de estar praticamente encerrada, o Brasil entra. E nesse contexto, os preços realmente sobem. Com a tarifa, isso vai ficar pior”, explicou.
Consumo cresce nos EUA
O mercado de manga nos EUA movimenta cerca de US$ 650 milhões por ano, com aproximadamente 130 milhões de caixas consumidas. Apesar disso, Mello aponta que ainda existe muito espaço para expansão:
“Cerca de 50% da população norte-americana nunca experimentou a fruta, o que revela um grande potencial de crescimento no consumo”, disse.
Ele ressaltou que a popularidade da manga é reforçada pela presença de imigrantes latinos e asiáticos nos Estados Unidos. “Eles realmente consomem muita manga, pois é um produto bastante conhecido entre essas etnias”, afirmou.
Mobilização contra a tarifa
O empresário revelou que importadores de diferentes países formaram uma coalizão para tentar reverter a medida. O grupo já contratou um escritório especializado em Washington para negociar com o governo.
“A tarifa não está protegendo ninguém e está fazendo um mal muito grande também para o consumidor americano”, disse Mello.
Segundo ele, o movimento busca mostrar que, como os Estados Unidos não produzem manga em grande escala, a sobretaxa não cumpre a função de proteger o mercado interno.