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Teresina registra três casos de mal súbito em 7 dias; entenda o que é e as formas de prevenção

Em entrevista à TV Meio Norte, o Dr. Paulo Márcio destacou os principais fatores de risco, sintomas e medidas simples que podem salvar vidas

Dr. Paulo Márcio alerta para aumento de mortes súbitas em Teresina | Foto: Waldelúcio Barbosa/ Meionews.com
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Entre a última quarta-feira (22) e segunda-feira (27), foram registrados, em Teresina, pelo menos três casos de mal súbito. As vítimas são: a empresária Rayze Macedo Hosternes, a médica Maria Gláucia da Costa Veloso; e a professora Adnaid Rufino. O cardiologista Dr. Paulo Márcio chamou atenção para o aumento preocupante dos casos de morte súbita cardíaca, durante entrevista ao Programa da Tarde, da TV Meio Norte, nesta terça-feira (28). 

Segundo ele, o fenômeno tem crescido nas últimas décadas e exige mais atenção da população e da medicina preventiva. “Nos últimos 10 anos, a medicina e a cardiologia do mundo têm verificado um aumento dos casos de morte súbita. A principal causa no mundo inteiro é a morte súbita cardíaca”, explicou.

De acordo com o médico, cerca de 70% dos casos de morte súbita são provocados por problemas no coração, especialmente o infarto, que ocorre quando uma veia do órgão entope, impedindo a passagem do sangue. Ele destaca que há outras causas, como arritmias cardíacas, o descompasso dos batimentos e doenças congênitas, como o coração hipertrofiado. “Existem pessoas que nascem com o coração forte demais, oco ocupado por músculo. Aí o coração bate seco, dá arritmia e a pessoa tem morte”, detalhou.

Doenças que pegam de surpresa

O especialista também lembrou que o aumento de casos entre jovens é uma preocupação crescente. Estudos recentes mostram que, enquanto há alguns anos registrava-se de um a dois casos para cada 100 mil habitantes, hoje esse número pode chegar a 30 casos por 100 mil. “O que nos preocupa é que a morte súbita vem inesperadamente, pega a família de surpresa, com muito sofrimento e sensação de culpa. Eram pessoas aparentemente normais que, de repente, perderam a vida”, pontuou.

Dr. Paulo ressaltou ainda que outros órgãos também podem causar mortes súbitas, como no caso do AVC (acidente vascular cerebral), tanto por entupimento quanto por rompimento de vasos. Esses casos, segundo ele, reforçam a necessidade de atenção a sinais como dor no peito, palpitações, tonturas e falta de ar.

Estilo de vida e prevenção

O médico destacou que a prevenção é a principal arma contra as doenças cardíacas. Ele reforça que manter uma vida saudável, com alimentação natural e prática de atividades físicas, é essencial.

“Tem que descascar mais e desembalar menos”, aconselhou. “Tudo aquilo que vem em saco, garrafa ou lata é ruim. Agora, quando você descasca, come o natural, faz bem.”

Entre os principais fatores de risco listados pelo cardiologista estão pressão alta, diabetes, colesterol elevado, tabagismo (incluindo o uso de cigarros eletrônicos), sedentarismo, estresse e obesidade. Ele também alertou que há fatores genéticos inalteráveis, como a hereditariedade. “Existem famílias marcadas por infartos e mortes súbitas. Para essas, a medicina tem que chegar antes. A gente não pode esperar adoecer para tratar”, enfatizou.

O papel dos protocolos médicos

Durante a entrevista, o Dr. Paulo também explicou como protocolos internacionais de emergência têm salvado vidas em situações de parada cardíaca. Ele citou o ACLS (Suporte Avançado de Vida) e o BLS (Suporte Básico de Vida), que orientam as ações iniciais diante de uma pessoa desacordada.
“A primeira coisa a fazer é pedir ajuda e iniciar a massagem cardíaca. Depois, abrir a garganta para liberar as vias respiratórias e, se possível, usar o desfibrilador”, explicou. Segundo ele, em países desenvolvidos, locais com grande fluxo de pessoas já possuem desfibriladores automáticos, que podem ser usados por qualquer pessoa treinada.

O cardiologista lembrou que o treinamento desses procedimentos é acessível e pode fazer a diferença até mesmo antes da chegada de uma equipe médica. “A gente já teve a alegria de ver um funcionário da limpeza que, ao identificar uma parada, começou a reanimação e salvou uma vida. Isso é conhecimento colocado em prática”, relatou.

Manobras que salvam vidas

Por fim, o especialista ressaltou que manobras simples de primeiros socorros também podem evitar tragédias, especialmente em casos de engasgos em crianças. “Hoje a recomendação é dar cinco batidas nas costas e depois fazer a manobra em J, com uma mão sobre a outra na boca do estômago. São ações simples, que não custam nada, apenas conhecimento”, orientou.

A entrevista reforça a importância de informação e prevenção. Como destacou o Dr. Paulo Márcio, cuidar do coração é um ato de amor à vida: “Viver mais e viver melhor depende das escolhas que fazemos todos os dias.”

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