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Setut diz estar aberto ao diálogo para evitar greve do transporte em Teresina

Naiara Moraes defende manutenção dos direitos atuais dos rodoviários e afirma que sistema opera no vermelho, mesmo com subsídio da Prefeitura

Setut diz estar aberto ao diálogo para evitar greve do transporte em Teresina | Foto: Raíssa Morais/Meionews.com
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A possível paralisação geral dos motoristas e cobradores de ônibus em Teresina, prevista para começar na próxima sexta-feira (9), movimentou o debate entre trabalhadores e empresários do setor. A categoria, representada pelo Sintetro-PI (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Rodoviário do Estado do Piauí), cobra reajuste salarial e melhorias em benefícios como ticket alimentação e auxílio saúde.

Segundo o Sintetro, não houve proposta por parte das empresas, o que motivou o envio de uma notificação à Prefeitura de Teresina, ao Ministério Público do Trabalho, à Strans e ao SETUT (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina).

Em nome do sindicato patronal, a assessora jurídica do SETUT, Naiara Moraes, falou sobre o posicionamento dos empresários diante da mobilização dos rodoviários.

 respeita a mobilização da categoria

Naiara afirmou que o SETUT respeita a mobilização da categoria, mas nega que os empresários tenham se recusado ao diálogo.

“O SETUT respeita a posição dos trabalhadores em buscar seus direitos, enfim, melhorias. Quer esclarecer pra população que não é uma situação onde o SETUT não ofereceu proposta ou não se colocou à disposição pra dialogar. O SETUT está aberto”, disse a advogada.

Naiara Morais, advogada do Setut - Foto: Walderlúcio Barbosa/Meionews.com

Ela aponta, no entanto, que o sistema de transporte público da capital vive uma crise financeira prolongada, operando com déficit e dependente de subsídios municipais.

“É de conhecimento da população que é um sistema que está em déficit e continua, porque o valor que é arrecadado em catraca não cobre os custos do sistema. E isso precisa sempre do apoio do município.”

De acordo com Naiara, o custo mensal do sistema é de R$ 14 milhões, mas a arrecadação gira em torno de R$ 5 milhões. A Prefeitura entra com um subsídio de R$ 4,75 milhões por mês e mais um valor parcelado de R$ 1,25 milhão, conforme acordo firmado na última convenção.

Ela destaca que a atual gestão municipal já quitou quatro parcelas, das oito previstas, e que os empresários aguardam novos avanços para discutir reajustes.

Manutenção dos direitos e cautela nas propostas

A advogada diz que, diante do cenário atual, a proposta dos empresários é manter os direitos e valores atuais dos rodoviários, evitando retrocessos enquanto se busca equilíbrio financeiro para o sistema.

“O que se propõe é manter o que tem hoje em relação a direitos, em relação a valores, e mantendo os direitos sociais dos trabalhadores, a gente trabalhar as cláusulas econômicas para uma situação de anualidade.”

Naiara também defende que a atual proposta é mais viável do que não chegar a nenhum acordo. Ela teme que, sem essa garantia mínima, os trabalhadores fiquem sem benefícios como plano de saúde ou ticket alimentação.

“Difícil é a gente não chegar numa perspectiva de acordo e os trabalhadores ficarem totalmente descobertos de direitos. Então é a manutenção dessa condição que o empresário vê como uma forma de aguardar o desenvolvimento também das relações com a prefeitura.”

Sobre a paralisação anunciada, ela afirmou que não será total neste primeiro momento, mas reconhece que se trata de uma forma legítima de pressão nas negociações.

“A paralisação que está sendo colocada agora não é total, ela é parcial. A população de Teresina já conhece outras situações assim, faz até parte desse processo de colocar a força dessas negociações.”

Ela finaliza o posicionamento deixando claro que não há condições de apresentar outra proposta no momento.

“Se uma deflagração total depender de uma outra perspectiva, fica muito difícil, porque a gente não consegue tirar nenhum coelho. Não tem nada extraordinário que possa acontecer.”

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