Nêgo Bispo: 3 obras para conhecer o pensador quilombola que morreu aos 63 anos

Conheça abaixo três obras de Nêgo Bispo e saiba mais sobre sua contribuição na luta pelo povo quilombola

Nego Bispo: 3 obras para conhecer o pensador quilombola que morreu aos 63 anos | Folhapress
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O Brasil perdeu no domingo (3) um dos seus maiores intelectuais quilombolas. Aos 63 anos, o escritor, pensador, professor e ativista social Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo, morreu em um hospital de São João do Piauí, vítima de uma parada cardiorrespiratória.

À frente do movimento quilombola e dos movimentos de luta pela terra, atuou na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

Conheça abaixo três obras de Nêgo Bispo e saiba mais sobre sua contribuição na luta pelo povo quilombola:

Colonização, quilombos: modos e significados (2015)

O livro de Antônio Bispo faz parte da coleção de obras publicadas pelo INCT de Inclusão e é assinado por mestres e mestras das comunidades tradicionais brasileiras - indígenas, afro-brasileiras e das culturas populares. Com uma narrativa densa, ele tece um argumento consistente sobre a complexa trajetória dessas comunidades, projetando seus ideais para os dias atuais. O autor critica incisivamente o atual modelo ecocida e desumano de desenvolvimento econômico, propondo uma alternativa baseada na biointeração presente nos quilombos, nos terreiros das religiões de matriz africana e na capoeira.

Em contraposição a esse projeto de sociedade autodestrutiva, passa a propor uma alternativa civilizatória baseada na biointeração, comum aos quilombos, aos terreiros das religiões de matriz africana e à capoeira. 

A terra dá, a terra quer

Nesta obra, Nêgo Bispo apresenta uma linguagem única e provocativa em que oferece uma perspectiva urgente sobre os modos de viver, habitar e se relacionar com a terra. Originado no Quilombo Saco Curtume, no Piauí, o autor denuncia a cosmofobia, explorando o medo do cosmos que fundamenta o mundo urbano eurocristão monoteísta. Ele empreende uma guerra das denominações, enfraquecendo as palavras dos colonizadores, e propõe a contracolonização como um modo de vida ainda não nomeado, que precede a própria colonização. 

Não se trata apenas de um pensamento binário, mas de um pensamento fronteiriço e "afro-pindorâmico" para compreender o mundo de forma "diversal". "A terra dá, a terra quer" registra de modo inédito muitos dos saberes transmitidos pela oralidade acerca do agronegócio, das cidades, das favelas, dos condomínios fechados e da arquitetura. 

O videodocumentário O Jucá da Volta

Dirigido por Nêgo Bispo em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, junto a Júnia Torrer, explora as referências culturais quilombolas preservadas nas belas paisagens semiáridas dos quilombos do Piauí. A narrativa destaca a luta ancestral representada pelo "pau do jucá", uma espécie de "arma de defesa natural" manuseada como tradição. No Quilombo Volta do Campo Grande, Mestre Ernestino, influenciado por seus mestres, optou por transmitir esse conhecimento.

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